Capítulo 7

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Era o começo de outono e ela aproveitava essa fato para se esconder entre as folhas coloridas que estavam acumuladas no chão, a vida ao seu redor continuava seu curso, não percebendo a caçadora astuta que se aproximava cada vez mais dos alces que se refrescavam em um pequeno lago.

  Ela se aproxima vagarosamente, abaixada como aprenderá a anos atrás, seu alvo já está marcado e é em sua direção que ela vai, teve de aprender a caçar sozinha, sem uma alcatéia para lhe dar suporte é difícil, mas não impossível, ela sempre foi a melhor e não seria agora que esse fato mudaria.
  O vento estava a seu favor, levava o cheiro fresco dos animais ao seu sensível nariz fazendo com que sua boca salivasse e suas pupilas dilatassem. Quando o vento mudou de direção levando o cheiro da caçadora as presas, já era tarde demais.

   O alce maior do grupo, o líder, levanta sua cabeça e puxa o ar pelo focinho rapidamente, suas orelhas levantam e se reviram atrás de algum som diferente do que as fêmeas e machos de seu grupo fazem, puxa o ar novamente e suas pupilas dilatam, ele conhece bem esse cheiro, lobo. Ele abre a boca, pronto para gritar em aviso, mas uma luz branca se lança sobre o ar na direção de seu grupo, um aviso em si só pela cor de seu pelo. Gritos são ouvidos, eles já foram caçados antes e de uma coisa eles sabiam, lobos caçavam em grupos, então se tinha um, havia outros. Isso faz com que seus instintos de fuga ativassem e todos correm em desespero por suas vidas, a loba em seus encalços, rápida como um raio.

  Suas patas eram ageis em desviar de obstáculos que haviam em seu caminho, seu alvo estava cada vez mais próximo, cinco, três, um metro, ela pula e agarra seu pescoço, ambos caem e rolam no chão, sua presa grita e chuta, tentando a todo custo se soltar, suas garras e dentes afiados não deixam, ela o asfixia, o gosto de sangue a incentiva a morder mais forte, Crack , o corpo para de se debater, ela quebrou seu pescoço e o larga para recuperar o ar, assim consegue ouvir com perfeição quando o macho líder para de correr ao perceber que apenas uma loba havia atacado seu grupo, de suas narinas sua respiração sai forte e se condensa a sua frente, ele está com raiva e com isso começa a trotar na direção da loba que observa a cena com desinteresse, quando o mesmo já está próximo a fera levanta a cabeça e rosna, um som diferente, que faz o animal pinotear e parar seu andar, nervoso, o som que saiu da loba é anormal, ele nunca havia ouvido esse som antes e se assusta correndo na direção oposta, é inteligente o suficiente para reconhecer uma ameaça, assim foge levando o resto do grupo consigo para um lugar mais seguro.

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Ela entra devagar na casa enquanto lambe o dentes, o gosto de sangue ainda presente em seus caninos, não passa das cinco da manhã e agora que a família Boss começa a despertar, ela sobe as escadas, vira no corredor e entra no quarto de seu garoto, Daniel dorme em sua espaçosa cama, grande o suficiente para ambos, a loba segura com a boca a cortina e a puxa para o lado, logo em seguida pula sobre a cama seu corpo praticamente cobrindo o do garoto.

-Você cheira a sangue...-Resmunga Daniel enquanto loba se arruma em uma posição confortável na cama, a cabeça pesada é colocada acima da barriga de seu amigo que começa a acaricia-la logo em seguida e continua a falar, a voz rouca de sono-Então você caçou hoje, o que foi que você comeu? Um coelho? -A loba bufa - Não? Maior,então? Um guaxinin?- Um rosnado e o garoto ri baixinho, Flocus odeia Guaxinins -Tudo bem, tudo bem, um cervo? Alce? - Um grunhido é sua resposta e Daniel concorda com a cabeça -Estava gostoso?- A loba levanta sua cabeça e lamber seu rosto fazendo o mesmo soltar um "Flocus,Argh" e se levantar em um pulo, seu rosto agora cheira ao halito de Flocus:Sangue fresco. A fera vira de barriga para cima, os cantos da boca levemente levantados como se sorrise enquanto seu garoto se levanta e corre em direção ao banheiro, lavando o rosto na pia, a porta aberta da total visão das costas de Daniel, estava apenas com um calção que usava para dormir, ela analisava todas as voltas de seus músculos quando o mesmo deu meia e encarou a loba com um sorriso de lado.

-Ok, já entendi!- Diz com diversão e se aproxima, o olhar atento da fera em si, abaixa o tronco, segura a cabeça de Flocus e lhe da um beijo na testa não percebendo que a mesma fecha os olhos para apreciar o carinho. -Bom dia, lobinha.

Bom dia, bela adormecida...

-Vou me arrumar e ja vamos, ok? -Estica a costa e se dirige novamente ao banheiro. OK.

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-Bom dia, mãe, bom dia, pai!-Ambos descem juntos encontrando Kaiana e Sebastian na cozinha.

- Bom dia,filho!-Respondem juntos, Flocus deita aos pés de Sebastian que sorri por trás do jornal e estica a mão para acariciar sua cabeça, Daniel se senta e começa a comer junto dos pais.

-Onde está Bianca?-Pergunta sentindo falta da garotinha que normalmente está pulando pela casa inteira a partir das 5 da manhã,ninguém sabia de onde a caçula da casa tinha tirado tanta energia para acordar cedo todos os dias da semana, sem falta.

-Aqui!-Uma voz animada responde e Bianca aparece saltitando e se joga em Flocus que nem se incomoda com o peso da garotinha de quatro anos que a abraça com todas as forças que encontra. - Bom dia, Flocus!

-E o nosso Bom dia, querida?-Kaiana brinca dando batidinhas no assento ao seu lado para sua filha se sentar, a mesma obedece prontamente.

- Bom dia mamãe, bom dia papai, bom dia Dani!-Finalmente comprimenta o resto da família puxando uma torrada e a enfiando na boca -Tenho balé hoje, é a vez de Dani e Flocus me levar!- Ri animada e balança as perninhas por debaixo da mesa.

- Só irá se comer todas suas torradas, está magrinha, tadinha!- Daniel fala apertando as bochechas de Bianca que ri tentando se livrar do aperto do irmão.

-Ta bom, tá bom!

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  Os passos longos de Daniel são acompanhandos pelas passadas da loba, ambos correm todos os dias de manhã antes de começar o dia, Daniel começou a fazer isso quando entrou para o grupo de hóquei da cidade, Flocus mais do que animada  acompanha a cinco anos o garoto, seu pequeno não é mais tão pequeno, com seus quase 18 anos e 1,87 de altura, a loba quase alcança sua altura quando fica em pé nas patas traseiras, nas quatro patas a mesma fica na altura de sua cintura.

Estavam terminando a volta no quarteirão quando Flocus sente um cheiro diferente, antigo, conhecido, a mesma para de correr fazendo seu companheiro parar também, confuso pela ação da fera.

-Flocus, que foi, garota?-Pergunta, mas a loba não está prestando atenção nele, a mesma observa ao redor, as pequenas casas não oferecem nada de diferente a vista, mesmo assim a loba choraminga e anda de um lado para o outro, o cheiro havia sumido, mas por um momento ela havia achado, ela pensou ter sentido...

-Flocus!-Pegando sua cabeça, seu menino faz a mesma encara-lo -Eu estou aqui, está tudo bem, não foi nada!-Acaricia a cabeça de sua amiga com carinho e amor e a mesma relaxa.

Sim, talvez fosse sua imaginação. Ou não.

 ᴏ ᴜɪᴠᴀʀOnde histórias criam vida. Descubra agora