Capítulo 18 - Perseguição

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Senti meu coração palpitar com força dentro do meu peito quando eu comecei a correr, sem olhar para trás. Não fazia ideia de onde estava Bonnie, Leone ou Path, pois eles haviam sumido tão subitamente em meio à multidão de semianjos que eu não consegui acompanhar nenhum deles. Mas isso era bom, não queria ter que encarar a possibilidade de enfrentar meus amigos — em um confronto de verdade. Bom, exceto talvez o detestável Path. Que eu não considerava um amigo, mas apenas um colega irritante que eu tinha que aturar nas aulas e treinamentos. Meu desprezo por ele era recíproco, e eu achava isso um tanto perigoso em ocasiões como essa. Quem garantiria que Path não fosse querer vir atrás de mim?

Continuei correndo pelo bosque até que acabei me dando conta de que já estava cercada por grandes árvores de folhas alaranjadas. Não tinha percebido que meu esforço incessante havia feito com que eu conseguisse chegar mais rapidamente na Floresta Temperada. Um pouco aliviada, resolvi parar em frente a uma árvore, sentindo o calor sugar a umidade do meu corpo como uma esponja. Me apoiei com o cotovelo, tentando recuperar o fôlego o mais rápido possível; não podia me dar ao luxo de sentar e descansar totalmente, primeiro tinha que achar o lugar de que Christopher havia me dito para poder fazer isso e então pensar em como conseguiria pegar de alguém o Bracelete Celestial do Fogo. Virei meu rosto de relance, olhando para o cristal azul no bracelete dourado que reprimia meu braço, próximo ao ombro. Dei uma rápida puxada, na inútil tentativa de tentar afrouxá-lo.

Foi quando eu ouvi um pedido de socorro:

— Lola, me ajuda!

O grito tinha sido apavorante, tão cheio de medo e dor que me fez sentir um arrepio gelado e profundo em minha espinha. Eu sabia de quem era aquela voz mais do que ninguém e, sem pensar duas vezes, comecei a percorrer o local, às cegas pela floresta, sem medo do perigo e sem saber qual o caminho certo que eu deveria seguir. Eu apenas tinha um único objetivo naquele momento: salvar meu irmão Nathan do que quer que fosse.

• • •

Eu não fazia ideia do que Nathan estaria fazendo ali, mas ele estava com medo e era tudo o que importava. Tinha que achá-lo primeiro para depois ter respostas, já estava correndo o mais rápido possível e não conseguia achar nenhum sinal de vida naquela paisagem alaranjada. Meus cabelos voavam atrás, enquanto eu sentia os galhos agarrando minhas roupas; os gravetos arranhando minha pele. O chão da floresta era desigual e eu sabia que iria acabar perdendo o equilíbrio se continuasse correndo tão rápido quanto eu estava.

Resolvi fazer uma breve pausa para analisar o local. Olhei para todos os lados, principalmente para cima. Só conseguia enxergar o céu claro e azul entre as folhas das árvores e trilhas sem fim. Repentinamente foi quando a vi: tinha no máximo dezenove centímetros e brilhava feito uma estrela, as asas batiam rapidamente, e se assemelhavam as da borboleta pavão diurno. Seu corpo de um leve tom avermelhado era coberto por folhas e cipós. A fada se aproximou momentaneamente de mim e abriu a boca, e pude ver minúsculos dentes pontiagudos e uma língua bifurcada parecida com a de uma cobra. Não era bonita como eu imaginava, mas também não era nenhum monstro apesar de certas características.

Repentinamente, em um piscar de olhos, ouvi o grito de Nathan sendo emitido da fada. Eu me sobressaltei com o susto, mas fiquei um pouco aliviada em saber que não se tratava do meu irmão. Fiquei me perguntando como ela conseguia fazer aquilo, sem contar que eu não tinha entendido o que ela queria dizer com isso, mas foi então que, de repente, meus ouvidos pareceram ficar aguçados e eu consegui ouvir o som de uma lâmina assobiando em minha direção e penetrar a dor em meu braço direito que, por um momento de terror, pareceu ter explodido, sendo arremessado de meu corpo. Eu tombei para o lado com a imensa dor, mas rapidamente tateei meu braço para saber se ele ainda continuava lá; fiquei feliz ao senti-lo, apesar da faca cravada nele.

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