— Mamãe... — eu murmurei, com a voz falhando.
— Minha menina.
De repente senti toda força se ausentar de mim, caí de joelhos e acho que comecei a chorar, ou pelo menos eu queria chorar, e tudo dentro de mim gritava: Mãe! Mamãe! Ouvia seus passos vindo até mim. Então era verdade? Minha mãe estava aqui? Helen...
Senti-me sufocada por dentro, minhas mãos tremiam e meus dentes rangiam. Então ela me cobriu com um abraço revigorante, e logo depois eu senti seus lábios macios em minha testa.
— Mamãe... você está aqui mesmo? — choraminguei.
— Claro que estou, querida.
— Mas... mas... por que aqui? — sussurrei, soluçando.
— Aqui, neste pequeno apartamento, foi onde eu cresci e passei grande parte da minha infância antes de conhecer seu pai e ir para Riverdown. Fui muito apegada a este lugar, talvez por isso acabei vindo parar aqui. Acho que nunca tive a oportunidade de contar isso a você, afinal, não conversávamos muito, não é? — Sua voz era calma e melancólica.
Eu a agarrei e a abracei forte enquanto chorava em seu ombro.
— Desculpe, mamãe. Por tudo. Eu senti tanto a sua falta...
— Eu também, minha menina — ela falou, acariciando meus cabelos. — Como está nosso pequeno Nathan?
— Ele está bem... — solucei, tentando controlar minhas emoções. — Está em Édenia. Annie McCarthy está cuidando dele.
— Oh, Annie. Então deu tudo certo, não é?
— Sim...
— Olhe só para você — ela me ajudou a levantar. — Já é uma Ceifadora! Eu pensei que nunca iria ter a oportunidade de ver você assim. Estou tão orgulhosa de minha pequena Lola. — Ela me puxou para outro abraço. E eu não ousaria estragar aquele momento dizendo a verdade; que ainda não era uma Ceifadora, que estava aqui apenas como parte de meu treinamento. Ou melhor, porque Duke Wall exigiu.
— Pensei que eu precisaria morrer para sentir seu abraço de novo — murmurei, enxugando as lágrimas.
— E eu pensei que teria que ressuscitar.
Demos uma risadinha.
— Mas você está aqui agora, é o que importa. Queria que Nathan também estivesse aqui para vê-la, abraçá-la...
— Eu também, querida... — ela disse. — Estou aqui, mas é por pouco tempo.
— Eu sei.
— Você é quem vai me ajudar, certo?
— Sim — disse, abaixando a cabeça. — Mas você pode ficar mais um pouco? Por favor.
— Claro, querida.
Andamos de mãos dadas até uma cama suja e desgastada que tinha naquele cômodo, então sentamos e olhamos uma para outra.
— Lola, tenho algo importante para te contar.
— Tudo bem, mãe. Pode falar.
Ela estava tão bonita. Parecia ter ficado dez anos mais nova. Seria maldoso da minha parte dizer que a morte, nesse sentido, tinha lhe caído bem? Helen estendeu um sorriso radiante, mostrando seus dentes branquinhos, e depois disse:
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Entidades
De TodoE se anjos e demônios realmente existissem? E se os anjos descessem dos Céus, se apaixonassem por humanos e tivessem filhos? A jovem Lola Witt descobre da pior forma possível que seres malignos existem, e que seu pai, um dia, fora um anjo. Isso faz...