Capítulo 10 - As Revelações

47 1 0
                                    

Helen se fora.

A dor de vê-la partir era quase indescritível. Nathan chorava incredulamente em meu colo, eu tentava consolá-lo, dizendo que ela havia ido para um lugar melhor, mas não conseguia. Estava sofrendo tanto quanto ele. Eu me odiava como nunca antes. As lembranças começavam a me assombrar. As conversas sempre eram curtas e grossas com minha mãe.

Há mais de sete anos, meu pai falecera e Helen fora a que mais sofrera com sua perda, pois ela o amava mais que tudo. Tanto que acabou se machucando. E eu havia guardado rancor pelo o que ela tinha feito comigo e Nathan, mas eu acabei descobrindo, mesmo que tarde demais, que isso não levava a nada, só me fazia reviver o passado de uma maneira ruim e me amargurar com a pessoa que me fizera mal. E isso não era nada bom. Acho que o certo era eu ter esquecido, deixado passar. Todo mundo erra, e admitir tal erro sempre nos faz crescer e fazer diferente na próxima vez.

Guardamos alguém que amamos dentro do nosso coração, e quando essa pessoa morre, parece que morremos junto com ela. O coração aperta enquanto a sensação de perda nos consome. Mesmo que cada pessoa reaja ao luto de maneira diferente, a forma como o mundo perde o sentido é igual para todo mundo. Fica fácil confundir as coisas, fica fácil se deixar levar por um caminho deturpado e confundir isso com felicidade.

Sinto que foi o que acontecera com Helen.

Eu a entendia agora. Para mim, no meu coração, a única pessoa que eu mais amava era Nathan. Mas acabei por descobrir que eu estava errada. Helen também estava no meu coração, eu só não sabia disso. De qualquer forma, eu estava ciente disso agora, pois meu coração estava sendo esmagado brutamente desde que vi os olhos de minha mãe ficarem vidrados. Vazios. A alma dela havia partido, mas seu corpo ainda estava ali, e Nathan agora o abraçava, ainda sem acreditar que nunca mais veria o sorriso bondoso de sua mãe.

Chamavam o lugar apenas de Lavoura, mas ninguém cultivava nada lá. Ficava localizada em uma parte esquecida da cidade, perto de um imenso riacho. Era constituída por várias flores e plantas, com um campo verde e bonito. Não sabia exatamente o porquê, mas apenas achava o lugar perfeito para ela descansar em paz. Peguei algumas flores e joguei em cima de seu túmulo improvisado. Em uma cruz de madeira, feita por Priam e decorada por Nathan, lia-se:

HELEN ELOUISE MASEN WITT

25 de Setembro de 1978

16 de Agosto de 2014

Descanse em paz mamãe

Nós te amamos

Contudo, eu nunca cheguei a dizer que a amava, até porque eu não estava ciente disso antes. Na verdade, eu dizia que a odiava... que tinha nojo só de olhar para a cara dela. Meu Deus... por que eu era assim tão má? Priam White, o garoto gentil e protetor que eu mal conhecia, tentava me consolar de alguma forma, abraçando-me, por exemplo, mas era tão difícil não chorar.

Minha vida não fazia mais sentido.

Talvez nunca tivesse feito.

• • •

Minha mãe havia dito que eu era especial, e que Nathan estava correndo perigo. Tudo tinha a ver com meu pai, Garrett, e teríamos que encontrar Annie McCarthy. Ela era a pessoa que nos revelaria tudo. Toda a verdade.

E Priam a conhecia.

— Annie McCarthy... — disse ele, enquanto dirigia — há muitos anos que não a vejo. Até onde eu sei, ela vivia em um pequeno vilarejo, Hughes, lado leste de Spokane. Outro lugar escondido, como Riverdown...

EntidadesOnde histórias criam vida. Descubra agora