Capítulo 12 - Seja Bem-Vinda a Édenia

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A grama era macia e aconchegante. Notei que estava caída no chão, com uma dor incômoda atrás dos olhos. Foi então que alguém me deu a mão para me ajudar a levantar. Meus olhos foram ofuscados pela brilhante luz do sol, mas mesmo assim, eu podia ver claramente seus olhos cinzentos, gentis e confiantes. Priam.

Levantei-me e então pude ver melhor o lugar.

O ar ambrosíaco e o céu opalescente transmitiam um aspecto harmonioso ao local. Árvores temperadas cobriam grande parte do bosque, a grama almofadada era verdinha, da cor de abacate. Do outro lado, não muito longe, flores de todos os tipos se destacavam em uma planície que parecia ser feita de nuvens, em vez de solo. Pequenas pedrinhas contornavam uma trilha estreita que certamente levava para algum lugar.

— É tão lindo... — sussurrei.

— Incrível — exclamou Nathan ao meu lado, com os olhos brilhando ao contemplar o lugar, igual à quando ele via as caixas de whoopies nas prateleiras do supermercado.

— É, é sim — concordou Priam. — Sejam bem-vindos ao nosso paraíso particular. A Édenia.

Édenia... Éden, o Jardim do Éden, pensei.

Eu comecei a andar pelo bosque, admirando aquela linda paisagem. Olhei um pouco mais além das planícies e vi que havia grandes montanhas abrumadas que pareciam servir de escudo contra o sol.

— Como viemos parar aqui? — Perguntei, ainda admirando cada detalhe de Édenia. — Por aquele portal no esgoto, né?

Ele confirmou com a cabeça e contou:

— São abundantes os casos de pessoas que desaparecem de um lugar e reaparecem noutro, um enigma para os humanos que está presente desde a antiguidade. Em maior parte, os semianjos são os únicos cientes sobre do que se trata os Portais de Azrael. Existem milhares em vários cantos do mundo. Pessoas podem entrar e sair deles, mas nunca serão capazes de vir parar aqui em Édenia. Apenas seres sagrados são permitidos neste lugar. Os Portais também ajudam bastante os Ceifadores em suas Caçadas, permitindo-os escapar de uma emboscada por exemplo. Já aconteceu muito comigo.

De repente, notei que um pouco além da trilha, duas pessoas vinham correndo em nossa direção. Não conseguia analisá-las direito, pois até então eram apenas duas silhuetas. Minutos depois, vi que se tratava de dois garotos. Eles surgiram carregando facas nas mãos, quase tão longas quanto seus antebraços. Um deles usava uma roupa preta de couro e outro uma mais simples, branca. O garoto que usava a roupa escura tinha cabelos loiros desalinhados na altura da camisa, além de olhos cor de âmbar.

— Ah, até que fim Priam! — disse o garoto loiro. Ele parecia ter a mesma idade que Priam, só que com uma aparência mais juvenil.

Já o garoto que vestia branco, tinha o mesmo tamanho de ambos, mas sua face parecia a de uma criança de doze anos. Ele tinha o cabelo castanho-escuro e exibia uma inocência infantil em seus olhos azuis-acinzentados.

— E ele trouxe convidados... — murmurou o garoto com feições de bebê.

— Christopher, Duke está? — Perguntou Priam ao garoto loiro. Ele assentiu com a cabeça.

Percebi de relance que o garoto de cabelo castanho-escuro me encarava. Eu estava prestes a lhe falar alguma coisa, mas foi então que, quase como se meus pensamentos tivessem escapados por uma janela aberta, repentinamente ele se aproximou e me cumprimentou:

— Oi, sou Leone.

— Lola... — falei, apertando sua mão fria e pequena — e esse é meu irmão, Nathan.

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