A luz do sol adentrava a barraca, expandindo-se com vigor sobre nossos rostos. Encontrava-me deitada, confortável no colo de Priam. Ele se mexeu, mas continuou adormecido. Permaneci imóvel, sem me atrever a abrir meus olhos. Estava muito feliz para mudar qualquer coisa, queria apenas continuar ali quietinha com ele, deitada em seu peito quente e com seus braços ao meu redor. E com as lembranças da noite anterior.
Foi então que os dedos dele percorreram meu rosto, movendo-se para cima e para baixo em minha bochecha. Eu abri os olhos. Ele estava acordado, mas continuava com os olhos fechados. Vi um sorriso se estender em seu rosto, e então suas pálpebras se ergueram e seus olhos acinzentados surgiram. Ele me fitou, com seu sorriso bobo e apaixonado.
Fiquei me perguntando por que havíamos demorado tanto para deixar esse momento acontecer.
— Bom dia, Lola White.
— White? — dei meio sorriso.
— Sim. Você é minha agora — sussurrou ele. — Dei-lhe meu sobrenome.
— Já casamos? Poxa, eu estava bêbada ou algo assim? Porque eu não me lembro de nada.
Ele riu.
— Ainda não — disse. — Mas suponho que seja em breve — ele sorriu e se inclinou, entreabriu os lábios e me beijou. Suas mãos tocaram minhas costas e me puxaram para cima dele.
— Vai me pedir em casamento?
— Talvez — respondeu.
— Não acha que está se precipitando?
Priam semicerrou os olhos, colocou as mãos em ambos os lados do meu rosto, e me encarou serenamente. Parecia confuso.
— Eu te amo — sussurrou com a voz rouca. — Quero tê-la para sempre ao meu lado.
— Eu também te amo — murmurei. — E eu já sou sua, e você é meu. Não precisamos pôr nossos nomes em um contrato para tornar isso verdadeiro. — Depois que terminei de falar, acabei ficando um pouco surpresa com a veracidade de minhas palavras.
Priam sorriu, parecendo concordar com a ideia, e logo em seguida me puxou novamente para seus lábios. Beijou-me intensamente, enquanto sua mão serpenteava pelos meus quadris. Meus olhos queimavam com antecipação selvagem, mas eu soube me conter e parei. Observei seus incríveis olhos cinzentos.
— Devemos partir logo — falei, lembrando-o que ainda estávamos no meio de uma Caçada.
— Não agora. Mas sim, deveríamos. Mas sinceramente... não é o que estou a fim de fazer. — Um sorriso malicioso se estendeu em seu rosto bronzeado.
Comecei a rir.
— Me esqueci de perguntar, o que achou de sua primeira vez?
— E quem disse que foi minha primeira vez? — retruquei com o mesmo sorriso malicioso.
— Nossa! — ele entreabriu os lábios e balbuciou: — Você não cansa de me surpreender. Com quem foi?
— Ah, eu tive dois namorados antes de você — revelei, sem querer entrar em detalhes —, mas se serve de consolo, com nenhum deles foi tão bom quanto foi com você.
Ele pareceu contente em ouvir aquilo.
— Então... agora meio que nós somos namorados?
— É, acho que sim.
Ele me olhou com sinceridade, com aquele belo sorriso no rosto. Éramos perfeitos um para o outro. Eu o desejava, e ele a mim. Gostava de me recordar da noite anterior, de quando tudo parecia fazer sentido, do quanto eu estava feliz em tê-lo para mim, e de como eu queria que aquilo durasse para sempre.
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Entidades
De TodoE se anjos e demônios realmente existissem? E se os anjos descessem dos Céus, se apaixonassem por humanos e tivessem filhos? A jovem Lola Witt descobre da pior forma possível que seres malignos existem, e que seu pai, um dia, fora um anjo. Isso faz...