A correria depois do ataque foi assustadora. Sentia uma mistura de euforia e medo pesando em minha garganta como pastilhas rançosas. O abalo dos eventos tomou conta de mim com tanta força que eu precisei de um momento encostada na parede; foi enorme, intenso e inarticulado, mas felizmente breve.
— Christopher está bem — gritava Priam, repetidamente. — Não se preocupem.
Será que estava mesmo?
— Temos que sair daqui o mais rápido possível! — disse Faith.
Olhei pelos arredores uma última vez; corpos incinerados e mutilados, a adaga fincada na testa de Lucy, o lugar vazio onde deveria estar um Demônio Detonador. Aquilo tudo me deixava muito angustiada.
Priam e Faith apoiaram o corpo de Chris sobre seus ombros e o arrastaram dali. O Club Red & The Red Owl, que minutos atrás estava cheio de vida, havia se transformado rapidamente num lugar vazio e destruído, e marcado pela morte. O lugar no qual Lucy morreu. Eu nunca esqueceria como seus olhos me fitaram momentaneamente, após sua morte.
Quando alcancei a SAÍDA DE EMERGÊNCIA, chutei a maçaneta com força. Na primeira tentativa eu não obtive sucesso, então chutei novamente com mais força e finalmente rompi a fechadura.
— Vamos!
O som de sirene policial ecoou pela rua deserta à nossa frente.
— Se escondam — murmurou Priam.
Eles se arrastaram para trás de um arbusto, e eu para trás de outro, bem a tempo de ver duas viaturas chegando ao local do tumulto.
Vi Priam erguer uma das mãos sobre o arbusto e uma onda invisível ser arremessada dela. O escudo se chocou contra as duas viaturas, que capotaram em uma velocidade assustadora, roncando ao deixar o asfalto e entortando-se ao mergulhar no para-choque uma da outra. Os carros rolaram para fora da rua. O ruído emitido foi ensurdecedor.
Depois que saí de detrás do arbusto no qual eu estava escondida, comecei a berrar com Priam:
— Você está maluco? Por que fez isso?!
— Queria que encontrassem a Ferrari roubada com todas as nossas coisas? Para sermos fugitivos pro resto da vida?
— Tecnicamente eu já sou uma fugitiva.
— Não quero discutir com você.
— E nem vai — interveio Faith. — Não temos tempo para isso. Precisamos dar logo o fora daqui!
Assentimos com a cabeça e seguimos em frente.
•••
Priam estava tenso ao volante. A cada minuto um palavrão diferente saía de sua boca. Christopher ainda estava inconsciente, mas Faith estava cuidando dele no banco de trás.
— Para onde vamos? — Perguntei.
— Eu não sei — respondeu Priam, meneando a cabeça.
— Para algum hotel? — sugeri. — Precisamos de um lugar para descansarmos e depois avaliarmos melhor a situação.
— Não podemos mais simplesmente nos hospedar em um hotel, não na circunstância em que estamos — contrapôs Faith.
— Ela está certa — concordou Priam. — Conheço uma floresta onde podemos acampar.
Ele girou o volante para fazer uma curva complexa sobre uma rua extremamente movimentada. Uma picape branca passou de raspão, buzinando.
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Entidades
CasualeE se anjos e demônios realmente existissem? E se os anjos descessem dos Céus, se apaixonassem por humanos e tivessem filhos? A jovem Lola Witt descobre da pior forma possível que seres malignos existem, e que seu pai, um dia, fora um anjo. Isso faz...