Capítulo 31 - Club Red & The Red Owl

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O que aconteceu comigo? Essa era a pergunta que martelava dentro da minha cabeça, e eu queria que ela fosse respondida o quanto antes. Eu estava com a cabeça apoiada no ombro de Priam, fitando a sujeira debaixo de minhas unhas quebradas. Minhas mãos estavam trêmulas e ensanguentadas, o pedaço do fígado de um boi estava preso em meu cabelo.

­— Tudo bem... você está bem.

­— O que aconteceu? O que era aquilo?

— Um demônio muito raro — Priam explicou. — Estava na minha lista. Ele é conhecido como Chamaviva. Aquilo que estava te torturando era enxofre, evacuado dele. Se caso não tivéssemos conseguido...

— O quê?

— Você seria possuída — ele falou baixo, quase um sussurro.

Eu o encarei, boquiaberta. O que dissera atravessou meu peito como a lâmina de uma espada bem amolada. Não pode ser!

— Impossível — sussurrei, atônita.

— Sim, é possível. Só é extremamente difícil de...

— Somos semianjos, não podemos ser possuídos! — Eu berrei.

— Mas há algumas Entidades que conseguem — informou. — Chamaviva é uma delas.

Balancei a cabeça, tentando não pensar muito naquilo.

— Nunca estaremos totalmente seguros, garota — Faith mandou a real. — Não estamos mais em Édenia.

— Eu sei. Eu só queria ter sido avisada sobre isso antes.

— Está sendo avisada nesse exato momento.

Exalei um suspiro e a ignorei, depois tentei me levantar.

— Para onde vamos agora? — perguntou Christopher.

Priam pegou o papel com as instruções que Duke lhe dera, e depois respondeu:

— Mesa.

— De acordo com as informações que estão no papel, nós estaríamos em Prescott — disse Faith —, ou em algum lugar bem próximo. Mesa é relativamente longe... o Kosmus só nos levaria na metade do caminho, isso se o usássemos excessivamente, o que é perigoso.

— Sei disso — falou Priam. — Mas um carro nos levaria.

— Onde vamos arranjar um carro? — Eu quis saber.

Priam ignorou minha pergunta e abriu um sorriso malicioso.

— Até que ponto vocês se oporiam a um roubo de carro?

• • •

Uma Ferrari F430 prata cantou pneu após ter estraçalhado o vidro da loja. Tinha linhas e curvas lindamente definidas, a palavra FERRARI escrita em letras cursivas preta na traseira.

— Venham, rápido! — Gritou Priam, impaciente, pela janela.

Fui motivada pelo alarme que disparou segundos após o arrombamento. Corri para a porta e me joguei para dentro. Olhei ao redor, o interior do carro era de couro branco e cinza e as janelas, fumê. Estava um pouco nervosa, poderíamos muito bem estar com uma meia preta na cabeça, uma sacola cheia de grana e uma pistola em mãos.

Não foi fácil chegar até a cidade mais próxima, tivemos que usar e abusar do Kosmus, até todos ficarem enjoados de tanto teletransportar. Antes do roubo, tínhamos nos hospedado temporariamente em um hotel para nos prepararmos para a próxima Caçada. Todos agora estavam bem-vestidos e perfumados, prontos para a próxima ação.

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