Capítulo 43 - Anjos Cadentes

34 1 0
                                    

Uma luz explodiu com um estrondo ensurdecedor, o que fez meus ouvidos ficarem ressonando. A terra chacoalhou embaixo dos meus pés. Uma névoa pálida havia tomado conta do local junto com o silêncio posterior. Quatro anjos encontravam-se de pé a poucos metros à minha frente. O anjo da esquerda era na verdade uma mulher de cabelos ruivos trançados, olhar duro e cauteloso, usando casaco de trincheira branco, com uma espada dourada semelhante à de Caleb. As asas faziam uma série de pressões suaves com as camadas de músculo cruzadas sob penas brancas, mas tão logo sossegaram e encolheram-se em suas costas. Os outros dois eram altos e de pele escura, sendo um deles aparentemente o mais velho entre os quatro. Tinha a aparência de um homem por volta dos trinta, careca, barba por fazer, olhos fundos e serenos, lábios grossos e físico musculoso.

Voltei minha atenção a Caleb, que estava a poucos metros de mim, me fitando com aqueles surreais olhos azuis.

— Você...

Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas acabou interrompendo-se. Foi quando a corrente elétrica de adrenalina voltou a percorrer toda a extensão de meu antebraço, cerrando um punho. Meu braço voou para trás e depois o arremessei com força sobre o rosto de Caleb, fazendo-o recuar com a mão no rosto. Ele me encarou atordoado, como se não soubesse quem eu era, e talvez realmente estivesse certo.

— Seu idiota! — Comecei a berrar descontroladamente. — Por que não salvou Nora antes de matar Agares? Você poderia ter salvo uma vida... poderia ter salvo a vida da minha amiga! — Fiz uma pausa inesperada, tomando fôlego — Vamos, me diga! Por que não a salvou? Merda! Como isso foi acontecer?! Por que diabos ninguém faz nada para impedir...?

Meu coração só faltou sair pela boca, meus braços e pernas tremiam involuntariamente. Eu não aguentava mais ver as pessoas ao meu redor morrendo de maneira tão bruta, injusta e desnecessária. Sabia que sair culpando o primeiro à minha frente não mudaria nada, mas eu não queria, não conseguia mais ficar parada assistindo todo aquele desastre acontecendo à minha volta sem poder fazer nada a respeito. Senti as mãos frias de Priam me puxando pelos braços, para um abraço consolador. As lágrimas escorreram momentaneamente pelas minhas bochechas ruborizadas, mas não eram lágrimas de tristeza. Bom, talvez também fossem, mas nesse momento eu só conseguia sentir raiva.

— Em alguns lugares, você perderia a mão ao cometer tal ato contra nós — disse a garota ruiva de asas atrás de Caleb.

— Tudo bem, Hazel — disse o anjo careca de aparência bruta. — Creio que um soco não vai afetar tanto Caleb comparado a seu recente estado... emocional.

O comentário soou como uma piada interna entre os anjos.

— Quem são vocês? — perguntou Priam, de maneira ríspida.

Caleb limpou com o dedo o sangue que escorria de seu lábio inferior. Em seguida, bufou.

— Metatron nos enviou assim que recebeu o chamado de Duke Wall — disse Caleb, a voz séria, mas plácida. — Estamos aqui para ajudar.

— Não foi o que eu perguntei.

— Eu sou o Arcanjo Caleb Langston, vice-líder do Exército Celestial — ele respondeu. — Estes são os anjos Howan Kershaw, Benjamin Adornetto e Hazel Lander. Viemos para a batalha.

Eu abri a boca para dizer algo, mas fui interrompida por vários urros estridentes vindos da floresta ao lado. Todos levaram os olhos atordoados para a origem do barulho. Uma Entidade reptiliana, coberta de escamas e espinhos, estava esticada sobre o tronco de uma árvore, pressionando-a com os pés para baixo com o peso de seu corpo espesso como de um lagarto. Do outro lado, surgiram outras três semelhantes.

EntidadesOnde histórias criam vida. Descubra agora