Bonnie parecia uma pessoa diferente do habitual;forte, corajosa, determinada. Não se assemelhava mais nem um pouco com a garota meiga de fala suave que eu havia conhecido. A pessoa em frente a Evelyn possuía um olhar astucioso aberto a inúmeras suposições, algo que eu nunca tinha visto nela até então.
— Vocês estão prontas? — perguntou Carl.
Bonnie apenas balançou a cabeça positivamente, enquanto sua adversária respondeu que sim.
— Então, comecem! — ordenou o juiz.
Evelyn se afastou alguns centímetros e começou a girar sua foice de tamanho pouco convencional. Demorou um pouco para ela finalmente começar a desferir golpes contra Bonnie, que posteriormente acabaram sendo várias tentativas inúteis de cortá-la, pois felizmente ela sempre conseguia se esquivar.
Bonnie era melhor em ataques de longa distância, o que era perigoso nesse tipo de exercício. Pois mesmo ela acertando seu adversário, ela poderia correr o risco de não conseguir recuperar sua arma a tempo, assim ficando desarmada, e mais suscetível a perder a luta.
Quando finalmente Bonnie parou de ficar na defensiva e avançou para atacar Evelyn, infelizmente foi ela quem acabou voltando com um corte profundo no braço esquerdo.
Minha respiração falhou.
— Vai, Bonnie! Você consegue! — Eu gritei, esperançosa. As pessoas que estavam sentadas perto de mim começaram a rir, provavelmente achando tolo demais minha excitação, pois parecia muito óbvio que Bonnie perderia.
Minha amiga virou o rosto para olhar para mim, sorriu tristemente e arfou. Demorou um pouco para ela encontrar forças para conseguir levantar-se, mas ela o fez, deixando uma trilha de sangue no chão atrás de si.
Com as duas mãos, Bonnie ergueu a espada bem alto acima da cabeça. As mãos tremiam com o peso da arma, ou talvez por que estava se sentindo intimidada ou com medo. Encarou sua adversária por alguns segundos, e então prosseguiu com seu ataque. Evelyn brandiu sua foice e, com um violento golpe, atingiu alguma parte das pernas de Bonnie, fazendo-a desabar novamente sobre o chão.
— E então, criança... vai chorar? — ridicularizou Evelyn.
— Cale essa coisa imunda que você chama de boca! — Bonnie rebateu logo em seguida, cerrando os dentes.
Alguns riram, mas eu não achei a menor graça naquilo. Na verdade, era estranho ouvir esse tipo de coisa saindo da boca de Bonnie. Onde você aprendeu isso?
Evelyn ficou furiosa e progrediu rodopiando sua foice afiada que respingava sangue. Na primeira tentativa de ferir Bonnie, ela errou, deixando a lâmina de sua foice enterrada no piso da arena. E este era o momento perfeito para Bonnie!
Ela se jogou para cima de Evelyn, as duas rolaram pelo chão por algum tempo, entre socos e pontapés, até que Bonnie parou em cima dela e continuou socando seu rosto. E em um piscar de olhos, vi uma espada sendo cravada em seu braço. A princípio, Evelyn cerrou os dentes ao sentir a lâmina penetrando-a, mas não gritou. Na verdade, ela fez algo que ninguém esperava: abriu um sorriso diabólico. Nunca havia visto um sorriso daqueles, como se ela não tivesse sentindo absolutamente nada e estivesse feliz com aquilo. Era assustador, mas para mim era óbvio; Evelyn só podia ter síndrome de Riley-Day, não tinha outra explicação para isso.
Supreendentemente, Evelyn retirou a espada do próprio braço e seu rosto não fez nenhuma menção a dor ou agonia. Depois de jogá-la para longe, se levantou quase naturalmente. Evelyn soltou uma gargalhada alta, clara e sinistra, como um trovão numa noite escura. Bonnie arregalou os olhos e se afastou com medo.
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Entidades
RandomE se anjos e demônios realmente existissem? E se os anjos descessem dos Céus, se apaixonassem por humanos e tivessem filhos? A jovem Lola Witt descobre da pior forma possível que seres malignos existem, e que seu pai, um dia, fora um anjo. Isso faz...