Capítulo 20 - Nova Aliada

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Percorri o bosque que colidia ventos gélidos em minha nuca. Não demorou muito para eu pressentir que havia alguém por perto. Posso sentir alguém me olhando, à espreita... Segurei forte minhas katanas enquanto meus olhos examinavam o local com bastante cuidado. Foi então que vi um vulto adentrar a mata num borrão. Alguém estava me testando, brincando comigo, mas não sabia exatamente quem ou o quê.

Andei rapidamente até o lugar onde vi alguma coisa entrar. De repente, fui surpreendida por algo pesando em meus ombros, me levando rumo ao chão. Alguém conseguiu pegar uma de minhas katanas com tanta facilidade que me deixou aflita. Contudo, continuei adiante, endireitando-me e me levantando rapidamente, empunhando a única espada que tinha me restado.

Observei uma garota menor que eu, mas que provavelmente tinha a minha idade. Ela possuía cachos ruivos complexamente anexados à sua cabeça. Eu estava fascinada demais por seus cabelos, que eram tão uniformes, sem nenhuma falha, nenhum um fio sequer; cada cacho terminava em uma divisão perfeita. Tentei identificar se era uma peruca, ou se ela tinha arrancando de alguma boneca e, de alguma forma, tinha implantado em seu couro cabeludo. Apesar do cabelo intacto, ela parecia abatida, com o lado esquerdo do rosto dolorido, esfolado e inchado, mas ainda tinha um rosto angelical e bonito, apesar do olhar feroz.

Ela avançou para cima de mim, manuseando minha espada com muita facilidade. Eu recuei e cortei, não fundo, a lateral de seu corpo.

Chutei sua costela com força e ela desabou no chão.

— Tudo bem, tudo bem... — ela começou a suplicar, com uma tremenda cara de dor estampada no rosto. — Eu me rendo!

Ela arremessou minha katana e antes que eu pudesse apará-la no ar, a garota agarrou minha cintura com força suficiente para derrubar uma vaca; senti meu corpo afundar com tudo sobre o chão, batendo minha cabeça com força e fazendo-me ver estrelas. Então foi que nós começamos a rolar pelo chão, se atracando de todas as maneiras possíveis.

Soquei seu rosto várias vezes, mas ela era muito insistente, e causou um impacto entre nossas duas testas quando elas se chocaram. Ela recuou com a dor, porém, imediatamente prendeu minhas mãos e meus braços contra o chão. Começou a tatear meu bíceps que estava enfaixado e logo depois o outro.

— Mas que droga! Como pude esquecer de verificar isso — a garota resmungou, entredentes. — Sem Bracelete também?

Também? — Rebati, olhando para seus braços e vendo que não tinha nada dourado ali.

Ela saiu de cima de mim e eu fiquei aliviada por isso. Me ergui do mato sujo e recuperei minhas katanas, as pendurando de volta em minhas costas.

— Quem é você? — Perguntei.

— Cassie. E você é...? — Ela quis saber.

— Lola.

Antes de tudo, tive a impressão de que ela era tão pálida quanto eu. Então olhei para minha pele um pouco corada e cheguei à conclusão de que na categoria palidez, aquela garota era vencedora sem muito esforço.

— Como perdeu seu Bracelete? — Indaguei, apenas por curiosidade.

— Uma idiota aí... acho que se chama Bonnie — respondeu, áspera.

— Você lutou com Bonnie Weber?

— Acho que sim... você a conhece?

— Sim, bastante — afirmei.

Sério isso? Estou batendo papo com uma inimiga? Que lutou com minha amiga?! Comecei a pensar. Bom, talvez ela não seja mais minha inimiga... afinal, temos algo em comum.

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