Capítulo 22 - O Anúncio

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Despertei de meu sono profundo sem abrir completamente os olhos. Minhas órbitas se apresentavam girando apáticas e confusas, não sabia exatamente onde eu estava e nem me interessava em saber. Como eu podia ainda estar viva? A tal Entidade não havia levado minha alma?

E Cassie...

Oh, meu Deus... Cassie!

Deixei escapar um soluço quando as imagens invadiram minha mente. Não, não... Cassie! Será que estava morta? Sim, com certeza estava. E eu não tinha feito nada para ajudá-la... como eu poderia me tornar uma Ceifadora se eu sempre acabava deixando as pessoas morrerem?

De repente, alguém entrou no quarto onde eu estava. Eu fiquei feliz em saber que era Priam.

— Que bom que já está acordada — disse ele, aliviado.

— Como posso estar acordada...? — murmurei, indiretamente.

— Acho que... — ele começou a dizer, parecendo escolher cuidadosamente as palavras — tenho quase certeza que é porque você abriu os olhos.

Eu revirei os olhos ao ouvir aquela péssima piada, mas no final acabei soltando meia risada.

Priam foi até o canto do quarto, pegou uma cadeira almofadada e a colocou ao lado de minha cama.

— Os curandeiros já examinaram seus ferimentos, não é nada muito grave — disse, sentando-se na cadeira. — Mas infelizmente você ficará com algumas cicatrizes.

Não disse nada a respeito.

— Está se sentindo melhor? — Ele perguntou.

— Sim... — murmurei. — Só estou pensando no que houve na caverna. Acho que eu talvez possa ter deixado uma amiga morrer...

— Que amiga? Bonnie está bem, na verdade, ela está muito preocupada com você.

— Não, não é Bonnie. É a Cassie...

— Cassie — ele repetiu, pensativo. — Cassie Hedlund?

— Sim, essa mesma.

— Ela veio aqui mais cedo... — falou. — Então, ou ela está viva ou pode ser uma Alma Perdida.

Arregalei os olhos, esperançosa.

Se eu não estava enganada, Vikram havia dito que Almas Perdidas eram fantasmas de pessoas que já tinham partido, e que por alguma razão não conseguiram encontrar seu caminho, ficando presas no Mundo Material — era assim que eles se referiam ao lugar onde os seres humanos residiam. E também era dever dos Ceifadores ajudar essas aparições a encontrarem seu caminho. Então era óbvio que Cassie estava viva! Sentia-me extremamente aliviada por isso, mas eu ainda não estava nem um pouco conformada com a minha atitude, ou melhor, a falta dela. Que tipo de pessoa eu era ao deixar um aliado para trás?

— Ufa — suspirei. — Que ótima notícia.

Priam apenas concordou com a cabeça.

— Mas isso não muda o fato de que eu falhei no exercício dos Braceletes, não é?

— Isso não significa nada...

Eu o interrompi:

— Claro que significa Priam! — exclamei. — Eu errei, eu falhei, eu perdi! Como posso me tornar uma Ceifadora quando não consigo vencer um desses exercícios de merda!?

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