Capítulo 6

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(inicie a música)

No final da semana, na sexta-feira, já com todos os alunos do colégio estabelecidos em seus dormitórios com seus devidos materiais, Sara reencontrou a mãe na porta de entrada da sala dos portais. Ela a abraçou tão forte que Cecília pensou que tivessem ficado longe por mais de uma semana.

-Não seja dramática. - Ela apertou o queixo de Sara - Não fiquei longe por tanto tempo.

-Pareceu uma eternidade... - Sara suspirou - Essa gente é esquisita demais. Eu quero ir para casa.

-Bem, para fazê-la me abraçar em público dessa forma, devo dizer que devem ter te assustado mesmo. - E Sara a soltou no mesmo instante. -Venha, preciso de ajuda com as caixas dos seus materiais.

-Como chegou aqui? - Ela perguntou seguindo a mãe para o lado de dentro da sala.

A sala dos portais era restrita para os alunos, a não ser que estivessem acompanhados de funcionários da escola ou os devidos responsáveis, o que era o caso. A maior parte dos alunos traziam suas bagagens por lá e eram ajudados pelos pais, mas naquele momento, Sara só viu sua mãe e ela no lugar. Já era quase hora do almoço, então todos deveriam estar se amontoando no refeitório.

-Portais mágicos. Eles realmente são mais úteis do que nossos carros.

-Achei que não soubesse a localização desse lugar...

-E não sei. Eu só precisei pensar nele e então, cá estou. Althaia disse que era assim que funcionava.

-Isso não faz o menor sentido. - Sara resmungou enquanto dava um pequeno tapinha na madeira de uma das caixas de portais.

-Vai entender melhor quando sair daqui para ir me visitar. - Cecília puxou uma caixa funda e pesada do chão, enquanto chutava outra em direção a filha.

-Então vai mesmo me deixar aqui? Vou sofrer sozinha nesse lugar.

-Sara...

-Está tudo bem. Já me acostumei com essa tortura. - Disse a menina revirando os olhos e puxando a segunda caixa para cima da barriga.

-Você vai se dar bem, e as aulas nem começaram ainda.

-Não precisa me lembrar que tenho seis meses para morrer aqui dentro.

-Quando fizer amigos, tudo vai ser diferente. - E Sara soltou uma risada alta.

-Essa gente daqui é metida demais. Não posso fazer amizade com ninguém aqui sem ser julgada, ou perguntada sobre minhas posses de terrenos. Se quer que eu tenha amigos, acho que deveria investir numa casa de praia em Malibu.

-Ha. Ha. Ha. - Cecília caminhou na frente de volta para o corredor, sendo seguida por Sara.

Elas começaram a descer as escadas, com dificuldade.

-Estou falando sério, mãe. Sem uma casa de praia não serei ninguém aqui dentro.

-Você tem nome e sobrenome, e isso pode dizer muita coisa sobre alguém. - Argumentou Cecília ofegante.

-Discordo. Só porque sou sua filha e tenho Nilsa no nome, não significa que vou abandonar minha futura filha em um colégio de lunáticos um dia.

-Você está muito engraçadinha hoje. Se continuar reclamando vou te deixar aqui por mais um ano.

-Retiro tudo o que disse. Eu te amo e tenho orgulho do meu sobrenome. Amém!

Mudanças Noturnas: A Filha da OrnaOnde histórias criam vida. Descubra agora