Capítulo 18

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Mavka e Félix estavam atrás de uma das árvores, ansiosos e com boas esperanças, enquanto observavam Sara de dentro de seu quarto na parte da manhã. O plano deles estava dando certo até aquele momento - queriam instigar a menina a começar a lutar pelo que ela deveria cuidar devido seu destino. Depois de perceberem sua confusão mental e seu desespero pelas muitas informações, decidiram abordá-la de outra forma. Apesar de estarem preocupados com a possível morte que teriam dentro da floresta, esperavam que o plano que ela e Kai fizeram desse certo e o destino interviesse, finalmente. Mothman teria servido de aviso, mas sem os esforços de Sara para dar início a guerra, a profecia não poderia acontecer. Na realidade, assim como os Silfos, as salamandras e as ondinas, eles já sabiam que Sara era uma das crianças elementais. Na verdade, a primeira elemental, e sem a ajuda deles, as outras três crianças não seriam despertadas. Aquela era a última chance deles.

Kai atravessou o pequeno espaço de divisão dos dormitórios e parou em frente à porta da casa das meninas da Orna e de Ludic. Ava abriu a porta com Bianca atrás de si, sem esperar que alguém estivesse na entrada. Encarou Kai com uma expressão de desdém, enquanto Bianca lançava um pequeno sorriso para o menino.

Não era que Bianca e Kai fossem amigos próximos, na verdade, aquela amizade aconteceu sem querer. Depois de ficarem juntos num trabalho escrito na aula da professora Ivaine Rohanna, de precognição, acabaram se dando tão bem que, de vez em quando, se sentavam na biblioteca para ler livros e passar bilhetes por debaixo da mesa.

Fora daquela forma que Kai descobrira que Sara ficava com a luz acesa até tão tarde no dormitório falando com um espírito da floresta, e como Ava estava furiosa com ela por achar que a menina havia perdido seu pássaro. Com suas suspeitas, ele começou a espioná-las e então tudo passou a fazer sentido. Depois do acidente e a acusação de uma das enfermeiras sobre um possível sequestro de Sara por alguém da floresta, o menino sabia que algo estava errado, principalmente porque Sara era uma pessoa muito expressiva e claramente não concordava com as explicações da diretora.

Então, quando tudo sobre a petição veio à tona e Fintan aparecera na escola com uma nova namorada e um grande sorriso, Kai soube que Sebastian Aurélia estava feliz e por isso haviam viajado nos feriados. Fintan estava feliz, depois de muito tempo após a morte da avó, porque Sebastian o esquecera e agora estava ocupado demais pensando sobre a destruição da floresta. Lembrou-se da enfermeira e percebeu que ela provavelmente tinha alguma conexão com o ocorrido, e agora tentava comprovar suas suspeitas.

Sabendo dos perigos que aquilo poderia trazer a sua pessoa, pensou em não envolver Sara ou Aaron, e se sentia mal por isso, uma vez que a companhia deles lhe fazia bem. Apesar de estar animado com seus feitos e descobrimentos, os feriados em família o deixaram para baixo. Ele odiava voltar para casa, sabendo que lá encontraria seus piores pesadelos e memórias desastrosas. Todos no colégio sabiam, menos Sara, e ele queria manter daquela forma. Sentia-se culpado pelo sofrimento dos pais, mas assim como o irmão falecido, não podia evitar se envolver em confusões por boas causas. Fazia o que achava justo.

-Bom dia. - Disse ele assim que Sara apareceu.

-Bom dia para quem? São seis horas da manhã. - Resmungou a menina com uma carranca cansada. - Onde está Aaron?

-Tomando banho. Disse para que o esperássemos no refeitório. - E começaram a caminhar, subindo a pequena elevação da ilha até o castelo.

-Quem toma banho a essa hora? - Resmungou a menina mais uma vez.

-Aaron. - Respondeu Kai, óbvio.

-Está frio. - Comentou Sara. - Não quero usar vestido hoje. Não quero dançar, ou fazer aquela exibição chata de magia. Esse baile vai ser uma chatice.

Mudanças Noturnas: A Filha da OrnaOnde histórias criam vida. Descubra agora