Capítulo 11

43 5 4
                                    




Enquanto um festejo rolava no centro da floresta, onde Sara havia conhecido grande parte das criaturas - que a receberam extremamente bem -, Mavka levava a convidada para um meio mais privado. Um lugar que parecia ser uma área só dela.

    Sentaram-se no chão, perto de uma gigantesca árvore de tronco grosso e inundado de limo. Era velha e trazia uma mensagem sábia. Sara se sentia muito confortável ali, mas estava longe de ter alguma conexão.

    Mavka aponta duas flores, enraizadas em lados opostos do solo. A flor da esquerda tinha pétalas amarelas, chapiscadas com laranja e branco. A flor da direita era escura, de pétalas azul violeta, com respingos de branco - lembrava o céu estrelado.

    -Como conheço parte da sua história, e sei que não teve muito contato com essa parte do mundo, irei explicar. - Mavka quase não sorria, apesar de transparecer paz.

    -Conhece a minha história? - Perguntou Sara, preocupada.

    -Sim. Algumas das criaturas têm te observado. Eles me contaram várias coisas, mas não se preocupe. Aqui, desse lado da ilha, ninguém julga alguém de fora. Nada disso importa. - Ela toca a ponta do queixo de Sara, com carinho - Nada de ruim vai te acontecer aqui, conosco.

    Sara sentiu um aperto no coração, e os olhos ameaçaram a lacrimejar. Ela esperava por palavras reconfortantes como aquelas há algum tempo. Alguém que lhe dissesse que ela não seria mais julgada por coisas às quais ela não pôde controlar. Respirou fundo, ganhando toda a atenção de Mavka.

    -Essas são as duas flores mais raras que você verá na sua vida. - Mavka começa - Essa, - aponta para a esquerda - é a flor de Asteria, em homenagem a deusa titã dos oráculos, profecias da noite e estrelas caídas. E essa, - aponta para a direita - é a flor de Attis, em homenagem ao deus da vegetação e frutos da terra. Ambas dão frutas. E ambas são extremamente inesperadas.

    "Elas são conhecidas no mundo bruxo por darem frutinhas da cor vermelho sangue no período da noite, que se abrem para contar notícias ruins e boas que aconteceram, ou irão acontecer ao redor do mundo e que, consequentemente, afetam toda a humanidade. São extremamente importantes. Não podem ser arrancadas do solo, a não ser que elas estejam de acordo com isso. E surgem em algum lugar quando acham necessário."

    Sara engoliu em seco, perturbada com a explicação. Como algo poderia existir dessa forma?

    - As pessoas que possuem essa planta têm acesso a informações privilegiadas. - continuou Mavka - E logo, você conhecerá as pessoas as quais lucram com isso, espalhando todo tipo de coisa para benefício próprio. Eles criam revistas com essas informações, apesar de entenderem errado grande parte dos fatos.

    Sara estava confusa com as coisas que Mavka dizia. O que isso tinha a ver com a família dela?

    -De qualquer forma, - ela abana as mãos no ar - a alguns meses atrás, pela primeira vez em séculos, as duas plantas deram frutos com a mesma notícia: "Mothman deve acordar e abrir os olhos da garota de fora. Aquela que causará revolução." Isso poderia significar muitas coisas. - Mavka pressiona os lábios - Mas então você chegou na ilha. De início não havia nada demais, a não ser a curiosidade para saber sobre o seu acidente com os Veliáticos.

    -O que são Veliáticos? - Questionou Sara, tentando evitar lembrar de qualquer coisa envolvendo seu acidente na casa antiga.

    -Se lembra de quando você e sua mãe tiveram aquela pequena briga no dormitório? - Retrucou Mavka, vendo Sara ficar chocada.

    -Estavam mesmo me observando?

    -Foram as plantas. - Ela ri baixo - São tão curiosas quanto os humanos. - Sara olha ao redor, vendo as folhas se movimentando, como se rissem das acusações - Naquele dia, quando sua mãe lhe explicou o passado dela com seu pai, sobre aqueles extremistas que os perseguiam, esses são os Veliáticos.

Mudanças Noturnas: A Filha da OrnaOnde histórias criam vida. Descubra agora