Mudanças Noturnas: A Filha da Orna

Capítulo 16

Sara estava entretida no livro das criaturas mágicas, cessando o desejo que tinha quando era pequena, passando as páginas avidamente sem se dar conta do que estava acontecendo ao redor, trancada no quarto. O cérebro parecia coçar dentro do crânio, várias ideias se formando.

As aulas ainda não haviam iniciado, e os alunos voltavam a se acomodar nos dormitórios pouco a pouco. Ava havia chegado a menos de duas horas, e Bianca lhe acompanhava - as duas haviam passado o ano novo juntas. Fintan estava animado, com um sorriso gigantesco estampado no rosto e um corte na testa, coberto por um curativo torto, enquanto segurava a mão de uma garota que ninguém jamais havia visto. Kai estava na biblioteca, deitado em um dos vários sofás de couro, enquanto tinha um livro cobrindo o rosto, disfarçando sua soneca.

"Dríades:

As Dríades são ninfas.

Dríades da floresta são espíritos jovens, serenos, dançantes e protetores em formato de mulheres, que nascem das árvores que exalam sua personalidade e que têm o intuito de protegê-las e habitá-las.

Quando a semente de uma árvore é plantada, a Dríade nasce, dividindo espaço com as raízes. Dessa forma, aqueles que plantam árvores são reconhecidos pelas próprias como defensores e amigos. Seu sangue é feito de seivas e são associadas ao povo drúida devido seu conhecimento e habilidades de cura.

Raramente saem de dentro de seus troncos - por opção -, e se o fazem é para garantir o perímetro ao redor e ter certeza que a floresta está segura, ou para ir ao povoado espionar os planos dos homens. É por esse motivo que são diferenciadas das Hamadríades, que são diretamente ligadas às suas árvores e não podem deixá-las.

Para proteger suas árvores, as dríades amedrontam os caçadores e lenhadores que invadem suas florestas, de forma que estes sofram transfigurações e se tornem animais ou monstros. Por infelicidade, caso o tronco da árvore da Dríade seja destruído, essa está sujeita a desaparecer, morrendo pelas mesmas raízes as quais lhe deram a vida. E se houver interferência humana, é certo que haverá uma punição por outras Dríades contra o(a) autor(a) do crime."

Mavka invade os pensamentos de Sara. Sua figura parecia tão mais frágil retratada daquela forma, e aquilo entristecia a menina, a fazendo refletir que no momento em que destruíssem a floresta por conta da estúpida petição, Mavka deixaria de existir. Ela precisava salvá-la, porque do contrário, jamais poderia se perdoar.

"Sua aparência varia de espírito para espírito, mas geralmente tem um corpo transparente, esguio e alto, de cores esverdeadas, como limo, quase sendo confundido com amarelo. As orelhas podem ou não serem alongadas, e o corpo é vestido por cipós, ou roupas constituídas de folha. Os cabelos geralmente desgrenhados e misturados com galhos pequenos e secos.

Dríades negras são outros tipos de espírito. Elas renascem das cinzas de árvores queimadas e têm a pele escura como madeira apodrecida, ainda seguindo quase as mesmas características das Dríades da floresta, apesar de serem mais reservadas e não terem a missão de proteger as árvores.

Já as Dríades das grutas, mais raras de serem encontradas por conta de sua formação de milênios, tem a pele revestida de pedregulhos, além de uma camada de lodo e fungos venenosos, que são formados pelos vestígios das rochas encontradas dentro das próprias grutas. Se comparadas com as outras dríades, elas são mais baixas, cerca de um metro no máximo, e vivem mais, considerando que as outras vivem cerca de 300 anos."

Alguém bateu no vidro da janela, mas Sara nem se quer escutou, continuando seu foco totalmente nas criaturas e as figuras coloridas.

"Baba Yaga (Yegi Baba, Baba Jaga, Yagishna, Baba Jedza, Babaroga):