Capítulo 15

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23 de dezembro de 2011

Sara arrumava o quarto, se preparando para encontrar a mãe para os feriados do final do ano. As roupas estavam jogadas por todos os lados, parte dentro da mala, junto dos materiais e a varinha exuberante. Apesar de muito bonita (a varinha), ninguém parecia ligar muito.

Todos no dormitório estavam eufóricos pelas pequenas férias, mas Sara e Ava não se sentiam da mesma forma. Sara ainda carregava uma culpa imensa dentro de si, esperando que um dia aqueles seres da floresta, tão simpáticos, pudessem a perdoar. Até mesmo sentiu vontade de falar com Félix e se assustar com sua forma estranha, mas ele havia desaparecido completamente. Talvez estivesse tentando arrumar um plano para salvar sua casa, coisa que Sara deveria estar ajudando. E quanto mais a data da petição se aproximava, mais a menina sentia a angústia crescer.

Seu último contato com a floresta fora com aquele ser azulado misterioso o qual ela tampouco vira outra vez. Ela, pelo menos, estava fazendo o que ele havia pedido: arrumando o quarto antes de ir embora.

-O que é isso? - Perguntou Sara puxando um envelope com selo da gaveta, onde costumava guardar a varinha. - Uma carta?

E a abriu sem delicadeza alguma.

"Querida Sara S. Nilsa,

Espero que tenha ficado satisfeita com o resultado de sua varinha. Você foi um dos nossos casos raros onde a varinha teve de ser criada, tratando da sua personalidade, inteligência e força.

Assim, enviamos essa carta para lhe dar alguns avisos. Eu e minha irmã gêmea somos clarividentes. Minha irmã, Theresa, acabou tendo contato direto com a sua mão ontem e não obteve boas vibrações. Na verdade, ela teve uma pequena visão sobre um possível acontecimento na sua vida e isso a deixou preocupada.

Já adianto que nem sempre as visões estão certas, mas nesse caso temos a estranha impressão de que você possa estar ligada com a antiga profecia do dragão, de Merlin. Gostaríamos de saber se está disposta a tentar fazer o teste da língua do dragão, para decifrar o resto do manuscrito.

Atenciosamente,

Amina Bernardino."

-Do que é que elas estão falando? - Sara estava mais confusa do que qualquer outra coisa - Profecia? Eu não sei nada sobre isso. E a língua do dragão? Isso existe?

Guardou a carta no bolso do casaco. Resolveria isso depois, até porque já se passara tanto tempo desde que recebera a varinha, talvez nem estivessem mais a procurando.

Sara deixa várias coisas para trás, sabendo que voltaria em breve. O inverno estava instalado na ilha, e apesar de não estar nevando, havia um vento congelante arrastando os alunos para qualquer lugar com um teto.

A menina esperou perto da sala dos portais, na gigantesca fila que se formava no andar. Cecília havia se atrasado, como de costume, mas a filha não se incomodou tanto, estando acompanhada da presença de Kai e Aaron.

-Vocês sabem algo sobre... - Sara pega a carta no bolso novamente - uma profecia do dragão?

Kai e Aaron franzem o rosto, segurando o riso pela pergunta.

-É óbvio. Você não? - Kai tinha a sobrancelha arqueada.

-Eu deveria saber? - Retrucou Sara.

-Da onde é que você veio exatamente, Sara? - Perguntou Aaron, curioso - Quer dizer, você sempre faz perguntas óbvias. Como conseguiu uma bolsa para essa escola?

Mudanças Noturnas: A Filha da OrnaOnde histórias criam vida. Descubra agora