-Vamos do início, Sara. - O homem volta a dizer ameaçadoramente. - Se você colaborar com... vamos dizer, pesquisa de campo, prometo não te rasgar e deixar cicatrizes nesse rostinho bonito. - E então a ponta da varinha se encostou contra a pele de Sara, bem perto de seus olhos, que continuam tapados com uma venda.-Você não pode me rasgar com uma varinha. - Ela murmura sem pensar, se arrependendo instantaneamente de dizer qualquer coisa.
Sara já não tinha mais noção de quanto tempo estava naquele lugar, mas sim que tudo parecia passar lentamente. O homem à sua frente, reconhecido como um vulto preto, rodava de um lado para o outro, caminhando em círculos ao redor dela, fazendo perguntas e mais perguntas as quais ela não tinha ideia dos motivos. No início eram perguntas do cotidiano, comuns e entediantes, como se ele realmente tivesse o intuito de puxar assunto de forma amigável. Entretanto, ninguém pode ser amigável quando se amarra alguém em uma cadeira.
-Pobre garota. Se seu pai não tivesse te escondido tão bem, provavelmente já saberia que uma varinha pode se transformar em muitas coisas, principalmente em uma faca... - E então ele sibila alguma palavra como "Saskía" e volta a encostar a varinha contra a pele de Sara. - Se seu pai não tivesse te escondido tão bem, certamente já teria várias cicatrizes também... - E foi então que Sara sentiu algo afiado quase perfurando sua bochecha. Ela se inclina para trás, tentando se desvencilhar sem movimentos muito bruscos. - Bem... - Ele suspirou se afastando bruscamente. - vamos continuar com nossa conversa amigável. Não posso ter informações com você morta, não é? - E então uma risadinha irritante.
Fazia certo tempo que o coração de Sara não parava quieto, e àquele ponto ela já sentia que havia corrido uma maratona, enquanto segurava lágrimas de terror querendo não gritar por ajuda.
-Dá última vez que fui visitá-la, você sabe... na sua casa antiga... você não recebeu meus amigos muito bem. Então, eu me pergunto, por que? - Ele era sarcástico demais, e isso o tornava ainda mais perigoso porque Sara não conseguia distinguir quando devia ou não responder as coisas, ou se ele apenas a estava provocando. - Por que, Sara? Por que não nos recebeu bem? Se você e sua mãe tivessem conversado com eles, nada disso estaria acontecendo agora.
-Eu concordo. Se tivéssemos os tratado bem provavelmente estaríamos mortas agora. - Resmungou a menina com uma pontada de coragem.
-Provavelmente sim... Provavelmente não... - E então outra risadinha - Quem sabe o que o destino iria lhe proporcionar naquela noite, não é mesmo? De qualquer forma, você ainda não me respondeu. Por que tratou meus amigos com tanta falta de educação? Por que não queria que revistassem sua casa? Estava escondendo algo, ou até mesmo, quem sabe, alguém?
-Do que é que o senhor está falando? Vocês invadiram minha casa. Tentaram matar a mim e a minha mãe. Não estávamos escondendo nada, só estávamos fugindo. - Sara grunhiu ao sentir algo passar raspando perto de seu rosto, e então um barulho de vidro se estilhaçando logo atrás de si.
-RESPOSTA ERRADA! - Ele grita, irritado, fazendo a menina se estremecer ainda mais.
Foi nesse momento que um silêncio assustador invadiu a sala, e Sara pensou estar sozinha, até começar a escutar alguns cochichos. Havia mais de uma pessoa ali?
-Com quem está falando? - Ela questiona subitamente e sem pensar.
-Não é da sua conta. - Foi a resposta que recebeu. - Sabe, você é igualzinha ao seu pai... enxerida e mal educada. Gosta de interromper os outros porque se acha mais inteligente que qualquer outra pessoa. Pois eu lhe digo, Sara Nilsa, você não passa de uma... - E parou de falar, como se alguém tivesse lhe cortado a fala para pedir que diminuísse os insultos. - Deixa para lá. Vamos adotar um método mais direto com as perguntas, talvez funcione melhor. - Sara engoliu em seco, dando uma grande puxada no ar - Onde está o seu pai?
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Mudanças Noturnas: A Filha da Orna
FantasyQuatro adolescentes quebrados, uma profecia de futuro incerto e mudanças noturnas desagradáveis dentro de um colégio de elite de magia. Tudo pode dar errado, mas eles não estão sozinhos. "A única forma de matar algo que não existe, é se esquecend...