A noite se iniciava a passos lentos, cautelosos, em direção ao centro do vasto salão de festa. As decorações estavam impecáveis, descendo pelas paredes em cordas finas de cores brancas e verdes claras. O rosa transparência nas cortinas enfeitadas por bordados, enquanto uma lua falsa refletia na claraboia enfeitiçada, e Marte estava desenhado no piso do chão.Não havia mesas, ou qualquer vestígio de pessoas em pé - a não ser pelos vários fotógrafos-, apenas uma vasta fileira de cadeiras e convidados sentados. Todos vidrados no que viam à sua frente. Os estilistas estavam na primeira fileira, seguidos dos financiadores e então pessoas da mídia, ao fundo.
Uma tensão horrível tomava conta da ocasião, enquanto o silêncio era quebrado pelas mulheres caminhando com seus saltos altos e finos em direção ao meio da pista. Ninguém franzia o rosto ou piscava. Pareciam robôs esperando seu próximo comando. E foi assim que Sara começou a perceber os efeitos do feitiço surgindo, uma euforia grande crescendo no peito.
Os alunos da Orna pararam em formação de base para o início da dança, esperando pela largada da orquestra em cima de um mini palco no canto. Anthony colocou uma das mãos em volta das costas de Sara, enquanto ela apoiava as suas nos ombros do menino.
(Inicie a música)
Nos primeiros acordes de violino, o corpo de Sara e Anthony entram em sincronia numa profunda respiração. Ele firmou as mãos nas costas da menina, enquanto ela dava um pequeno sorriso, sereno. Foram os primeiros a darem os passos para frente e para trás, balançando contentes e começando a girar. Era impossível não perceber os tecidos e as estampas no meio de tantos jovens rodopiando em círculo, enquanto iam para os lados.
Giros; pernas esticadas no alto; mais giros; balanço; mãos envolvendo as costas; giros; rodopios; balanço; mãos esticadas; saltos no ar; pés voltando ao chão; as costas suspendendo no ar; mãos; giros; rodopios; os saltos pisando e rodando; mãos ao redor do ombro; as mãos dadas, esticadas; peitorais colados; caminham em passos ritmados; as mãos nas costas; giros; as pernas esticadas novamente; o salão se divide em duas fileiras compridas, os casais se entrelaçam, enquanto as moças rodopiam sem parar; estampas flutuam no ar, um show de cores; os vultos da plateia passam por entre os olhos, como um borrão; um círculo de meninas se forma no meio; os homens esperam que elas girem no centro; as mãos juntas aos ternos de alta costura; elas voltam, apoiam os dedos em cima das mãos dos parceiros; caminham em poucos passos enquanto mostram as estampas, as joias, saltos; rodopiam mais um vez, sentindo as mãos firmes segurando as costelas; as mãos apoiadas nos ombros; a música está chegando ao final e os casais voltam às posições iniciais; as pontas dos vestidos se eriçam, sendo seguradas pelas pontas dos dedos; os pés se alternam; os corpos balançando de um lado para o outro; para frente e para trás; direito; esquerdo; rodopios; giros; mãos esticadas; peitorais colados; balanço ritmado; os casais se separam, virados de costas um para o outro; uma breve reverência agradecendo os espectadores, enquanto o último acorde se finaliza.
Flashes de câmeras atacam os olhos dos alunos, enquanto palmas discretas soam ao fundo. Sara não consegue enxergar muito bem, e tampouco sabe o que está acontecendo, mas uma sensação muito boa emanava de sua alma. Sentia-se viva dançando daquela forma. Estava feliz. Estava feliz até encarar a feição de Anthony.
Os flashes continuavam, e borrões brancos invadiram as córneas, desnorteando os modelos. Eles só podiam sorrir, parados, sem enxergar quase nada, enquanto eram analisados por olhos críticos nas sombras. Sara estava tendo uma visão, estática, enquanto via um sorriso maligno se formando nos lábios de Anthony Green. Ele parecia outra pessoa, transformado por uma sensação de poder e ganância.
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Mudanças Noturnas: A Filha da Orna
FantasyQuatro adolescentes quebrados, uma profecia de futuro incerto e mudanças noturnas desagradáveis dentro de um colégio de elite de magia. Tudo pode dar errado, mas eles não estão sozinhos. "A única forma de matar algo que não existe, é se esquecend...