Capítulo 24

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 Na segunda-feira, dia nove de janeiro, uma brisa diferente uivava do lado de fora. Trazia um cheiro familiar no ar, como se mandasse uma mensagem para Sara. Ao adentrar o colégio e se deparar com a mãe no saguão de entrada, ela correu para abraçá-la, sem se importar com os outros alunos olhando estranho.

-Feliz aniversário, garotinha. - Diz a mãe beijando o topo da cabeça da filha em meio a um abraço.

-O que você está fazendo aqui? Eu achei que não viria... - Sara estava animada e surpresa.

-Bem, a diretora me ligou para que marcássemos uma reunião. Ela queria falar algo comigo, então eu aproveitei para vir ver você e comemorar seu aniversário. - Explica a mulher enquanto arrumava uns fios desgrenhados do cabelo de Sara. - Eu gostaria de levar você para almoçar, mas não posso. - Sara dá de ombros, fazendo uma careta azeda. - Aliás, você não fez nada de errado, fez?

A menina gelou durante alguns segundos, lembrando-se da detenção de sábado. Apesar de querer falar a verdade, preferiu omitir o fato, sabendo que aquilo provavelmente estragaria seu aniversário, deixando a mãe extremamente irritada.

-Não. Tudo certo. - Ela responde com um sorrisinho.

-Eu trouxe algo. - Ela retira um saco de dentro da bolsa, com um sorriso engraçado no rosto.

-O que é isso?

-Sementes. - Ela fala animada - Como não pude trazer as plantas do seu pai, pensei em fazer uma surpresa e deixar você plantar as suas.

Sara pega o pacotinho das mãos da mãe com um sorriso tão engraçado quanto, derramando as sementes variadas na palma da mão.

-Essas são de margaridas. Essas de cravo-francês. - A mulher aponta - Essas de tomate, de manjericão e rúcula.

-Quer que eu faça um jardim ou uma horta? - Questionou Sara, querendo rir.

-Pense pelo lado bom, você poderá fazer sua própria comida. - Cecília dá uma risada abafada. - Já sabe aonde vai plantá-las?

-Eu pensei em perguntar às criaturas da floresta sobre qual o melhor lugar para plantá-las. - Indaga Sara, simples. - Quer dizer, tem vários lugares por aqui, mas elas precisam ter espa...

-Criaturas da floresta? - Cecília a interrompe, franzindo o rosto. - O que quer dizer com criaturas da floresta? Elas não haviam sido destruídas? As assinaturas da petição...

-Mãe! - Sara esbraveja, os olhos arregalados e a boca aberta, em choque. - Não posso acreditar que você concordava com essa situação. Não me diga que também assinou a petição.

-Pois sim, assinei sim. - Cecília parecia brava. - O que houve? A escola destruiu ou não essa floresta?

-Mas é claro que não destruiu. - Sara revirou os olhos, balançando a cabeça negativamente.

-Ora, e por que? Achei que tudo estivesse resolvido.

-Eu não deixei. - Resmungou Sara, vendo seu plano de paz ir por água abaixo.

-Sara Nilsa, não me diga que a minha chamada na escola tenha alguma coisa a ver com essa petição... - Sara desviou o olhar para o chão, emburrada e de braços cruzados. - Sara, eu não acredito nisso!

-Eu é que não posso acreditar! Como pôde assinar a petição sem me dizer? Aquelas criaturas não tiveram nada a ver com o que aconteceu! - Ela resmunga, mexendo os braços no ar.

-Sara, você e outros alunos ficaram inconscientes durante dias. Dias! Como achou que eu reagiria? Era óbvio que assinaria a petição. Não quero você se enfiando naquele lugar.

Mudanças Noturnas: A Filha da OrnaOnde histórias criam vida. Descubra agora