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Olho para Cláudia que estava terminando de fechar o zíper da bolsa. Esse inferno acaba hoje.

Nos vamos fugir desse lugar, dessa casa, das responsabilidade da máfia e das coisas ruins que nos prendem aqui. Cláudia insiste que isso não vai dar certo, mas mesmo assim tempos que tentar. Encarei minha bolsa aberta pela última vez, confirmando que nossas passagens para fora da Itália estariam aqui.

Duas semanas haviam se passado, não sai de casa e meu pai nem tentou me tirar daqui. Faltava duas semanas para o casamento, tínhamos que fazer alguma coisa, eu não vou me casar com aquela mulher.

- Dadis, vamos logo! - Abri minha janela e olhei para baixo, nosso quarto fica no segundo andar, vamos ter que pular na grama.

- S/n, isso não vai dar certo. Vamos fazer assim, você se casa e sei lá, da um jeito para que ela se afaste o desista do casamento. - Suspirei ingidinada. Se fosse no lugar dela nós ja estaríamos no aeroporto.

- Cláudia, eu não vou me casar com quem não amo, vamos logo, daqui a pouco os seguranças vão começar a rondar a casa. - Coloquei uma perna para fora e depois a outra.

Cláudia ficou calada, percebi que estava chorando. Juntei minhas sobrancelhas e coloquei minhas pernas para dentro, abracei seu ombro tentando entender o porque dessas lágrimas. Vamos ficar livres como sempre sonhamos.

Ela olhou para mim e secou o rosto, logo depois pegou a bolsa e saiu pela janela, peguei a minha e coloquei nas minhas pernas, pisei no telhado com cuidado para não fazer barulho no andar de baixo. Cláudia estava na minha frente me esperando, ela olhou para mim antes de pular, me assustei quando a ouvi gemer baixinho mas logo se levantar. Olhei para baixo criando coragem para pular, comecei a pensar em como vai ser bom o mundo lá fora, fazer meu doutorado, me casar com a pessoa que amo e ser feliz com a minha família.

Eu pulei, meu joelho começou a doer muito por causa da queda, Cláudia veio até mim e pegou no meu ombro me ajudando a andar, o sino tocou, indicando que os seguranças iriam começar a ronda. Olhei desesperada para a morena que apenas deu um sorriso reconfortante.

Nos havíamos pegado uma escada hoje mais cedo, colocamos ela atrás de uma das árvores que tampava o muro assim que os seguranças saíram para almoçar, mesmo assim tivemos que ser cuidadosas por conta do revezamento, por sorte isso não aconteceu hoje.

- Tá, e aonde vamos? - Cláudia falou baixo assim que comecei a subir as escadas.

- Eu não sei, comprei quatro passagens, duas para o México e duas para os Estados Unidos. - Soltei o ar, meu joelho doía

- S/n, esqueceu que os O'connell mandam em tudo de lá? Você está caindo no formigueiro. - Fiz um bico, eu queria conhecer aquele lugar. - Vamos ter que ir ao México.

As folhas da árvore impediam que as pessoas em volta vissem nos duas aqui, nunca agradeci tanto por terem plantado isso perto de um muro.

Eu olhei para baixo, se pulassemos daqui iríamos no mínimo quebrar algum osso. Olhei para Cláudia que encarava o chão.

- S/n, eu tenho que ficar. - Olhei espantada para minha irmã, ela suspirou e olhou para mim - Só uma de nós vai conseguir escapar, sabe disso. Nosso pai ja fechou contrato, ninguém irá se casar comigo, não que eu não queira. Graças a você eu já estou livre do meu pior pesadelo, eu te amo e sei que vai conseguir, mas sozinha

- Dadis, eu não-

- Vá antes que alguém nos veja aqui. Eu vou descer e você pega essa escada quando estiver sentada em cima do muro, eu vou descer e vou até a garagem, vou ligar os motores dos carros e fazer o máximo de barulho que eu posso fazer. - Cláudia pegou na minha mão e me puxou para um abraço, a apertei com força.

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