⎘ ᝰ 𝗧𝗥𝗨𝗘 𝗖𝗢𝗟𝗢𝗥𝗦 🎪﹆
⭞ ❪ ɪᴛ ᴍᴏᴠɪᴇ ❫, ʳᶦᶜʰᶦᵉ ⁺ ʸᵒᵘ
─── ੈ‧₊ -ˏˋ Na qual S/n retorna
a Derry, um ano depois de ter ido
embora sem se despedir dos seus
colegas, mas principalmente do
seu melhor amigo e quase namorado,
Richard Tozier.
...
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Não lembro quando tudo ficou escuro, mas lembro da neve soprando em minha direção. O sangue estirado no chão, ainda cobria o branco e se infiltrava diretamente nele. Podia ver através de meus olhos, a luz que devorava meu interior, ela era forte o suficiente. E pela primeira vez, senti que não seria destruída pela escuridão, mas sim por aquela luz.
Fiquei parada, como se meus pés não conseguissem sair do lugar, vi a mulher banhada em sangue triturando o caminho pelo qual passava e vindo em minha direção. Eu quis gritar, mas nada saiu. Respirei fundo e senti suas unhas cadavéricas puxarem meu rosto contra o seu, e seu corpo atravessou o meu. A escuridão retornou, imensa e sufocante... Até que consegui enxergar tudo novamente, e desta vez, era o meu reflexo, minha silhueta espelhada no poste no fim da rua. Meu corpo estava tão fino que não podia ser comparado a um simples galho, acho que tomei a proporção de meu maior medo, esquelética, com o sangue escorrendo pelo meu rosto.
Me encolhi e desejei morrer na neve fria e imensa que cobria Derry, e como se meu pedido tivesse sido atendido, ouvi um som forte de tiro que mal se destacou em meio aos fogos de artifício que subiam ao céu. Então um novo tiro ricocheteou no ar e senti meu corpo flutuar, minha vista clareou e meus olhos se arregalaram, a dor estava cravada em minha pele.
Meu coração quase saiu pela boca quando olhei ao redor e vi que finalmente as trevas haviam me deixado, bati a cabeça com força e pisquei minhas pálpebras depressa, tudo o que restou foi minha consciência reconhecendo que aquilo não passara de um temível pesadelo, já estava dia, amanheceu bem rápido na verdade. E além do mais o som estalando ao meu lado junto do rosto grudado no vidro do carro em que escolhi passar a noite no ferro velho, me assustaram pra caramba. Porém logo me tranquilizei ao perceber que era Richie, sem nenhuma surpresa, ele estava batendo forte e me endireitei na poltrona, abaixando o vidro.
— Já ouviu dizer que a porra de um cigarrinho desse pode causar um incêndio maior que meu pinto e ainda assim dorme com ele acesso?
Balancei a cabeça, atirando o cigarro no carpete do carro e o apagando com meus pés, não me dei conta de quando dormi, tive um sono pesado.
— Como chegou até aqui?
— Com os pés, é claro.
Ele deu a volta no automóvel e puxou a porta ao lado, entrando.
— Ah, que se dane! Ainda tô viva... — comemorei.
— Por que não foi pra casa? O idiota do seu irmão tá de volta né?
