11° Capítulo

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  #Carlos

"O destino quis que a gente se achasse, na mesma estrofe e na mesma classe, no mesmo verso e na mesma frase". – Paulo Leminski.

Era a quarta ou quinta volta que eu dava na frente do apartamento da Anny, sem rumo apenas buscando migalhas de uma visão dela. Meu coração acelerava a cada movimento na entrada do edifício. Minha vista estava embaçada do choro derramado e o pior que eu não me sentia com vergonha de ter chorado. Ela é a mulher da minha vida, se existe alma gêmeas tenho certeza que ela é a minha. Um carro dava sinal de saída na frente do prédio, aproveitei a vaga que me daria uma visão privilegiada, as horas passaram e eu não fui contemplado com nenhuma visão da minha morena. Meus dedos discaram seu número em um momento de fraqueza, eu sabia que ela deixaria tocar até cair na caixa postal.

-Carlos...-Apenas a voz dela acelerou meu coração com tanta força, suspirei. Que saudade da sua voz minha pequena. –O que...Eu...Não posso falar agora!

-Sophi, por todo o seu amor por mim. Me escuta, por favor! –O silencio na linha foi reconfortante. Ela não desligou! –Eu não sei como fui idiota de achar que teria a menor possibilidade de conseguir viver sem você na minha vida, você é o meu sol sem você todos os meus dias são nublados. Eu amo você e quero você na minha vida.

-Eu sempre sonhei em escutar essas palavras vindo de você! – Ela passou sua frase e escutei ela soluçando, eu quebrei o coração da minha menina. –Mas não agora, ela foge de contexto se for analisar nossa situação. Você tem... um bebe prestes a nasce daqui alguns meses. Não tem como fingir que ele não existe ou imaginar que eu ficaria entre vocês...

-Amor! Eu fui um tolo em não te incluir no meu futuro, claro que não vou abandona essa criança, mas sempre tem um jeito de fazer as coisas darem certo. E eu não preciso está com a Julia para ser o pai dessa criança. –Sussurrei, não existe a possibilidade de ser bom para ninguém sem ela.

-Eu preciso que você me entenda... Carlos "eu" que não posso me comprometer em uma situação dessa. Eu não consigo me ver te ajudando a assumir essa responsabilidade, eu não vou conseguir nunca olhar para essa criança. –Meu coração parou, eu nunca poderia imaginar que ela falaria isso. –Eu não... vou aceitar...!

-Seria como a Lara, você ama minha filha! –Ela precisa entender que esse bebê é importante como a Lara na minha vida.

-A Lara não tem uma mãe! –Sentir o soco no meu estomago com a frase tão sem sentimento, essa não é minha mulher. –Você me quer?

-Você está nervosa, e é claro que eu te amo com toda a minha vida e eu faço tudo por você! –Admitir pronto para implora para ela fica comigo.

-Você tem duas opções... me esquece e nunca mais me procura, ou me escolhe e ao me escolher você corta qualquer relação com esse bebe. – Sentir minha garganta seca, sem reconhecer a Anny. Ela seria esse tipo de mulher?

-Eu não posso abandona meu filho! –Sussurrei para o telefone. Como eu pensei que seria possível, ela é jovem e cheia de vida. Mas ela falou no meu apartamento... –Você falou... falou que eu não precisaria fazer isso sozinho que você poderia me ajudar!

-E você acabou de dizer que faria tudo por mim! – A voz dela estava fria e distante.

-Eu achei que poderíamos fazer isso dá certo, mas acredito que eu estava errado. Eu sempre vou te amar e peço desculpas por todo sofrimento e angustia que você passou por mim. –Minha voz estava tomada de soluços enquanto eu falei cada uma daquelas palavras.

-Eu... desejo sua felicidade, você me apresentou lindas lembranças nos nossos dias contados, eu sempre vou ter um pedaço... momentos seus que nunca serão esquecidos. –Ela também parecia sofrer com nossa despedida. Mas eu não tinha certeza de mais nada.

-Você não está levando só um pedacinho de mim, você estar levando meu coração todo junto com você, ele é seu e sempre será seu. Eu amo você! –Desliguei quando sentir meu choro me sufocando. Meus punhos se encontraram com o volante repetidas vezes, sair do estacionamento cantando os pneus no asfalto quente. Preciso de uma bebida forte e dirigir como um louco para um bar que era muito conhecido por mim.

-Ela falou o que? –Lucas estava surpreendido, assim como eu. –Ela não é assim!

-Porra. Ela por telefone... com uma voz tão fria e distante, eu não reconheço ela! - Meus olhos não abandonaram o copo de uísque fresco.

-É mano, o bom é que elas estão indo para bem longe da gente. Esse negócio de amor é furada. Quanto mais longe é melhor! –Meu amigo como sempre um babaca de primeiro, mas a informação me surpreendeu.

-Embora? –Perguntei.

-Sim, uma das enfermeiras amiga da Sam. Estava falando que elas estão se preparando para deixar o Brasil. –Engoli em seco e sem saber quais palavras poderia representar meus sentimentos naquele momento com clareza. E eu prometi para mim mesmo que eu iria continuar pelos meus filhos. 

De repente é paixão (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora