De repente é paixão (Reescrevendo)

15° Capítulo

  #Carlos

É estranho como os minutos, horas e dias passam rápido demais. Ao mesmo tempo que parece que foi ontem que eu tinha a minha felicidade entre meus braços, impressionante como sinto como se todo o ar fosse drenado dos meus pulmões e por essa razão meu peito parecia tão apertado. Os meus dias ficaram todos iguais e apenas a minha filha conseguia afastar a escuridão, e por um lado eu quero muito que esse sentimento passe e por outro só a ideia de voltar a minha vida vazia me deixava enjoado.

Eu me apaixonei pela primeira vez na minha vida, uma paixão forte que vai durar por uma vida inteira. Mandei fazer um retrato de um metro que enfeitava minha parede do quarto com a imagem na Anny, e todo dia ao acorda eu a vejo e assim que deve ser a vida toda. Passos rápidos interromperam meus pensamentos e minha garotinha entrou no quarto vestida de fada com asas maiores que ela.

-Papai, bom dia! –Ela falou enquanto correu na minha direção e abriu os braços, a peguei no colo e a abracei apertado.

-Bom dia, meu amor! –Fazia quase um mês que ela morava comigo, a adaptação foi mais fácil que eu imaginei, a parte pior foi com a minha mãe que queria vim aqui em casa a todo momento para saber como a Lara estava. Ela me entregou o tablete e me olhou com curiosidade, o peguei e sentir toda a cor deixar meu rosto, na capa de uma revista estava eu e a Julia no chá de bebê próximo o suficiente para as pessoas acharem que estamos envolvidos. O título sensacionalista falava sobre sinos de igrejas tocado, mas o que me deixou ainda mais irritado foi a entrevista que a Julia concedeu falando da Sophia. Minha raiva estava explodindo.

-Papai, o filho da tia Julia é meu irmão? –Escondi minha emoção para responder a minha filha.

-Sim, filha!

-Eu fico feliz por ter um irmãozinho...Mas eu queria que ele fosse filho da tia Sophi, assim ela poderia ser minha mamãe também! –Meu peito se apertou ao imaginar como filha se sentia em relação a Sophi, no final ela conquistou mais que meu coração. Pensei em tudo que deveria estar vivendo com ela, provavelmente nesse momento eu já teria a convencido a realizar a nossa cerimônia de casamento, eu a levaria para uma lua de mel romântica pela Europa. Sentir meus olhos arderem, seria sempre assim?

-Filha, a Sophia é muito importante para a gente, porém ela e o papai não conseguiram ficar juntos. Mesmo assim, ela te ama muito e vai ser sempre sua amiga. –Ela concordou ainda com uma expressão triste. –Vai tomar café da manhã para eu te levar para a natação.

[...]

Eu estava enlouquecendo a cada dia e mês que passava, é como toda felicidade tivesse sido drenada do meu ser, as poucas horas que eu me forçava a está bem era quando encontrava minha filha. A pior parte é dormir e sonhar com uma realidade aonde casamos e temos filhos, ao acordar meu peito sufoca percebendo o quanto minha mente me prende a um sofrimento sem fim. O telefone do meu escritório tocou me retirando do meu devaneio.
-Virginia?

-Dr. Gutier, seus pais chegaram ao hospital com a mãe do seu bebê. Ela se encontra em trabalho de parto. –Suspirei e fechei meus olhos, precisei colocar todos os meus pensamentos no fundo da minha mente, esse bebê não precisava saber que toda vez que eu escutava algo sobre ele eu pensava em tudo que eu havia perdido.

-Obrigada pelo aviso, estou descendo. Pode desmarcar todos os meus compromissos de hoje. Desliguei no automático e sair do meu escritório da mesma maneira, encarei meu reflexo no elevador por tempo demais e ao entrar na sala de cirurgia depois toda a preparação de higienização, encontrei a Julia com um olhar de expectativa e medo.

-Estou aqui, vamos ter esse bebê? –Minhas palavras foram um alivio para ela e eu me aproximei ainda segurando suas mãos. Ela suava e ofegava a cada contração, todas as enfermeiras e médicos estava dando apoio total a ela. Eles incentivavam ela a fazer força a cada momento. –Estamos quase lá, querida.

-Obrigada por está comigo! –Ela sussurrou em meio as lagrimas, aonde mais eu deveria estar? É minha responsabilidade!

Ela continua fazendo força e então escutamos o choro, ela sorriu assim como todos na sala. O bebê foi verificado e entregue nas mãos dela.

-Bem-vindo ao mundo Benjamin! –Ela falou com ele, e eu me sentir ainda pior por não sentir nada. –Vem conhecer nosso bebê, Carlos!

O peguei no colo, buscando sentir a sensação de paternidade da mesma forma que foi com a Lara, mas não tinha nada. Eu o olhei por longos minutos e ele fazia o mesmo, procurei semelhança entre nós. Minha mente doentia buscava algo que me afastasse dele, apenas por causa da sensação de perda que ainda habitava meu ser.

-Desculpa, eu preciso de um momento! –Sussurrei o entregando a uma enfermeira e deixando a sala. Além da culpa, ainda sentia a raiva de mim por ter sido um moleque a minha vida toda. Me encostei em algum corredor qualquer do hospital e chorei em soluços forte.

Desculpa Sophi, desculpa Benjamin e desculpa Julia

Minha alma gritava com toda força.