Capítulo 6

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O que eu fiz. O que eu fiz. O que eu fiz.

Estou andando por muito tempo nessa cidade vazia apenas me questionando sobre a situação que acabou de acontecer.

E se ela morrer? E se eu for presa? O que vai acontecer? E se Samuel se cansar de mim, quem vai me defender?

Porra Verônica! Você é uma idiota mesmo.

Preciso parar com esses questionamentos. Afinal, eu não preciso de Samuel para me defender, não é?

Estou levando o papo de Vini a sério demais. Será mesmo que sou essa fracassada que não daria conta das brigas? Será mesmo que só ganhou todas por causa que Samuel não permite que ninguém encoste as mãos em mim?

Por que será que Samuel é tão respeitado assim se só vende algumas drogas?

Chega de perguntas, Verônica.

Está na hora de entrar para sua casa e parar de chorar.

Eu não entendo o motivo de eu estar chorando e nem o motivo de estar preocupada com a loirinha. Mas me sinto culpada, eu machuco a todos em minha volta. Eu quase me tornei a mesma pessoa que aqueles monstros. Por que eu sou assim? Por que simplesmente eu não poderia continuar sendo a mesma garota de um ano atrás, que havia terminado o ensino médio e estava pulando de alegria com a amiga por entrar na faculdade.

Ah claro, me lembrei. Samuel. É tudo culpa dele.

Ele permitiu isso..., mas e se eu parasse de culpá-lo e simplesmente assumisse que tudo o que aconteceu foi por minha culpa? Não poderia fazer isso, eu me sentiria um lixo. É muito mais fácil culpar os outros, fácil demais não assumir algo ruim que eu mesma provoquei. Só espero que a loirinha fique bem.

Poderia ter tido uma noite de loucuras ao lado de Samuel, porém estou aqui, chorando, em frente à minha casa, sem saber se vou até o hospital ou vou atrás de drogas para me esquecer de tudo o que aconteceu. Aliás nem sei como cheguei aqui, nem percebi todo o trajeto. Talvez seja melhor voltar para Samuel e me drogar para esquecer isso.

Tiro o celular do bolso e percebo que a bateria acabou. 

Depois de um tempo andando de um lado a outro em frente à minha casa, com uma preocupação eminente em meus pensamentos, me aproximo da varanda e me deparo com um pacote de cocaína e um bilhete em cima. 

''Guarde para mim'' É a única coisa escrita no papel. Pego o pacote em meus braços o mais rápido possível. Samuel é louco de deixar isso a vista assim? Qual o problema dele! Entro pela minha casa, correndo para meu quarto e procurando um lugar seguro para guardar isso, escondendo-o bem. Espero que nenhuma vizinha fofoqueira tenho visto, afinal. Que situação estranha.

Corro até a porta da frente ao ver o sol nascendo pelos reflexos da minha janela. Observo minhas mãos machucadas com o sangue já seco por parte delas. Preciso me limpar antes que minha mãe chegue, eu estou em uma situação deplorável. 

Eu realmente fui cega nessa atitude que tive. Lembrando dos momentos me vejo com medo de mim mesma... eu não fiquei com pena apenas queria machucá-la cada vez mais, descarreguei todo o ódio do meu ser em alguém tão aleatório e inocente como um monstro... como aqueles monstros.

Coloco a mão automaticamente na porta para fechá-la, mas uma voz me impede, me causando paralisia em todas as partes do meu corpo e o espanto em meu rosto. 

— Mãe? 



Eu Não Estou SóbriaOnde histórias criam vida. Descubra agora