— Estranho te deixarem sair sem alguém da sua família. — Lucas diz assim que entro em seu carro que por sinal, é dos caros.
— Eles deixam quando ninguém da família se dispõe. — Digo e o olho, ele está com uma camisa branca e uma calça jeans. Seus cabelos loiros escuros estão soltos sobre a testa, e seus olhos azuis acinzentados me encaram com dúvida, mas logo ele entende o que quis dizer.
O caminho até a casa de Lucas é tomado pelo silêncio.
— Chegamos. — Diz ele quando para em frente a garagem de uma casa de construção moderna e branca.
Levanto uma de minhas sobrancelhas e viro-me para ele.
— O que foi? — Ele pergunta tirando o cinto de segurança. Apenas balanço a cabeça e me viro para a casa de novo. — Você está me julgando? — Ouço ele virar seu corpo em direção a mim. Ele dá risada perante a meu vergonhoso silêncio. — Eu não acredito...
— Não estou falando nada. — Viro-me para ele.
— Mas seus olhos estão. É feio julgar os outros pela aparência. — Ele me olha fixamente.
— Não estou julgando pela aparência, mas sim pelos atos. — Tento me defender.
— Ah então você assume que está me julgando. Quais atos meus te preocupa tanto?
Agora ele me pegou, nem conheço o cara não sei o que ele faz ou deixa de fazer.
— Você se envolver com o Samuel? — Percebi que falei merda assim que finalizado a frase. Ele ri.
— Verônica, você está sendo hipócrita. — Ele abre a porta e desce do carro.
Ele tem razão.
Desço do carro, ajudo Lucas a pegar minhas malas e vou em direção a grande porta de madeira. Ao abrir a porta, me deparo com uma enorme sala, cozinha ao fundo, escada, lustre... de fato um casarão.
Lucas vai aos degraus da escada e sobe sem ao menos dizer uma palavra. Sigo-o. Ao chegar no segundo andar, no final do corredor ele abre a porta e me espera entrar. O quarto não parece ser muito usado.
— Quarto de hospedes? — Pergunto olhando ao redor.
— Não. Esse é o meu quarto. — Ele diz abrindo o closet com vários tênis e roupas. — A gente vai ter que conversar sobre algumas coisas. — Diz ele indo sentar em sua poltrona de quarto. Sento na cama e o espero começar. — É o seguinte, infelizmente meu quarto não tem banheiro, então seus banhos terão que ser no banheiro do corredor, seu almoço e janta vou trazer a você. Você pode dar uma andada pela casa, mas tome cuidado, entre pro quarto antes dos meus pais cheg...
— Opa espera aí, PAIS?!— Falo em um tom um tanto quanto alto. Que absurdo é esse.
— Sim, e eu também tenho um irmão, mas nem precisa se preocupar com ele por enquanto, está viajando. — Ele completa. O encaro com uma expressão pasma. — Qual o problema? — Ele questiona diante da minha expressão.
— Você é retardado? Você acabou de deixar claro que vai me esconder aqui, mas que caralho! Como vai fazer isso, acha que ninguém vai perceber? Achei que ia fingir que sou sua namorada. — Me levanto da cama e começo a fazer gestos com a mão.
— Eu espero que não.
— ''Eu espero que não'' — Digo o imitando. — Lucas, presta atenção. — Não dá pra morar na casa de alguém e eles não perceberem, mas que ideia idiota.
— Eu ainda não combinei com eles de que você ia vir. —Ele responde atrasado a minha pergunta.
— Você fala como se importasse comigo. —Pego minhas malas do chão e ameaço sair.
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Eu Não Estou Sóbria
RandomVerônica Vitale presenciou o cruel assassinato de seu avô. Na tentativa de fugir e esquecer o que aconteceu, ela conhece o mundo das drogas e acaba se tornando uma dependente química. Sua vida se torna um verdadeiro inferno e, quando ela se dá con...