Capítulo 40

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Samuel morreu assim que chegou ao hospital.

Lucas apareceu desolado com a morte de Samuel, fazendo todos descobrirem sobre a proximidade deles. Eram grandes amigos de infância até que Lucas foi adotado pelos pais de Isaac. Esse era o motivo de nunca se encaixar em sua família.

Lucas apesar de triste revelou tudo o que sabia a polícia sobre a relação de Samuel comigo.

Por ironia do destino, quando fui buscar a droga da primeira vez em que meus remédios de ansiedade já não estavam fazendo mais efeito, era Samuel que estava vendendo.

Quando ele me viu, sua culpa caiu sobre seu corpo e ele sentiu que fosse sua responsabilidade tomar conta de mim e me fazer recuperar do impacto que tive em minha vida.

De acordo com ele, estava me protegendo. Disse que o medo de eu ir buscar com outra pessoa e acabar encontrando quem não devia era eminente, por isso sempre era ele que me fornecia mesmo contra sua vontade. Isso explica muito o fato das vezes em que ele me pedia para controlar o consumo, ou tirava eles de minha mão.

Eu não fazia ideia da profundidade dos fatos.

Não fazia ideia de que correntes de culpa se criavam no corpo de Samuel a cada droga que eu usava, a cada rosto que eu socava e a cada drinque que eu tomava.

Ele vivia com os demônios tomando cada parte de seu corpo mais que me conhecia, me amava e via o que me tornava. Não conseguia ao menos resolver o passado, estragando ainda mais o meu futuro.

Sua tentativa falha de concertar o que havia ocorrido resultou em coisas bem piores que o motivo por tal ato.

Não posso culpá-lo por tudo o que aconteceu.

Sua infância foi podre, educado pela monstruosidade do mundo do crime e periferia... mal tinha o que comer, tinha uma dívida eterna com os que o alimentavam. Por isso, participou de furtos, mas nada além disso, não antes daquele dia que o traumatizou pelo resto de sua vida.

Ele era só mais um bom garoto corrompido pela desigualdade social.

Encaro seu colar de cadeado que sempre estava junto a ele. Ainda me encontro no hospital, quase perto de ir para a reabilitação que me disseram me lembrando constantemente do ocorrido.

Isaac se desculpou milhares de vezes por não ter acreditado em mim, alegando ter ligado para a polícia imediatamente ao ver o quadro de sua esposa jogado ao chão do salão. Ele começou a correr desesperadamente para fora em minha procura depois que a enfermeira disse que eu estava presente e seguiu os rastros de sangue no chão.

Ele me disse que queria permanecer aqui comigo, mas não deixei, pois ele devia se preocupar muito com a sua esposa, já ela também sofreu ao descobrir o que sua mãe cometeu. Ela não fazia a mínima ideia de que tudo isso podia ter acontecido, justificando assim o sumiço de sua mãe da sua vida.

A investigação da polícia, por mais incrível que pareça, ainda não acabou. Infelizmente a mãe de Érica, a mulher de cabelos vermelhos- agora pretos- resistiu aos ferimentos do tiro de Samuel e está se recuperando sob supervisão dos policiais. Querem saber o que exatamente aconteceu naquele dia.

O celular que ganhei de presente de Lucas toca sobre a mesa do quarto. O nome de Isaac e sua foto aparece por toda a tela.

—  Alô?

— Verônica, tive notícias da polícia. Descobriram que o colar de rubi não foi o motivo da morte de seu avô. — Ele fala rapidamente através do telefone.

— Como assim? —  Me levanto da cama, sem entender nada.

—  A mãe da Érica. — Ele sussurra, provavelmente para a mulher não o ouvir. —  Não revelou muita coisa, mas deixou a entender que o colar era apenas para encobrir o real motivo do assassinato. —  Passo as mãos pelos meus cabelos enquanto ele continua a dizer: —  Os policiais encontraram o colar e viram que nem precioso ele era. Não valia nada.

Eu Não Estou SóbriaOnde histórias criam vida. Descubra agora