Capítulo 18

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Passei o trajeto todo em silêncio, pensando seriamente se foi uma boa ideia ter aceitado vir.

Os últimos dias foram um dos piores da minha vida, e à medida que as lembranças retornam para minha mente, eu tenho certeza disso.

Algumas frases como:

''Samuel não está mais aqui para te defender, vadia.'' ou '' Fomos pagos para fazer isso.'' me deixam intrigada, simplesmente porque sei que vieram da boca daqueles que me espancaram na rua.

Por um momento eu passei a pensar que estava apanhando dos drogados que eu roubei as pedras de crack, mas quando aquele cara com a arma apareceu e me disse aquilo eu vi que estava errada.

Foi por culpa do Samuel. Bom, considerando o fato que se aquele cara que ele mandou não tivesse aparecido eu poderia apanhar até morrer, eu não considero tudo por culpa dele.

Depois que eu o conheci me tornei uma idiota completa, saia brigando e desrespeitando todo mundo, aproveitando o poder que Samuel tinha. Eu deixei a ilusão tomar conta de minha cabeça e descontava tudo nas pessoas, porque ele me defendia.

Haviam momentos em que Samuel ficava puto comigo, pois ele sempre me avisava para não fazer aquilo e eu nunca ouvia.

Samuel pode parecer o vilão, o monstro que me apresentou as drogas e me levou para onde estou agora, mas ele está longe de ser isso.

Desde o começo Samuel me alertava, ele sempre me repreendia por algo que tinha feito, e até escondia drogas e mentia para que eu não usasse, mesmo que eu soubesse. Grande ironia considerando o fato de que ele que me fornecia.

Mesmo assim, eu não posso culpá-lo porque desde o começo fui eu quis, fui eu quem insisti e fui eu que me viciei.

Samuel me protegeu desde então, e é isso que eu não consigo entender, pois mesmo não querendo que eu usasse, ele não me deixava comprar de um outro alguém e isso acabou se tornando uma chantagem.

Sua super proteção funcionou bem, até que ele foi preso, mas eu admiro aquele cara, pois mesmo preso ele está fazendo de tudo para me defender aqui fora. E essa é a questão:

Isso tudo é mesmo por amor?

— Vamos? — O rapaz diz assim que abre a porta da van. Eu concordo com a cabeça e tento levantar. Percebendo a minha dificuldade ele me ajuda, e então ao saímos da van algumas outras pessoas sorriem para mim.

— Seja bem vinda. — Uma mulher diz. Eu tento forçar um sorriso e vou andando devagar até a porta.

A tintura toda é verde, e ao entrarmos ao Hall de Entrada, posso ver que aqui é maior do que eu achava. Há algumas plantinhas espalhadas pelo espaço. No lado esquerdo tem um jardim superior com alguns bancos com mesas. Há alguns coqueiros ao lado de uma rampa para chegarmos até a porta que dá acesso a recepção, imagino.

Aqui dentro há algumas mudanças, percebemos logo de cara pela cor, que ao invés de verde é branco, e o espaço é menor, pelo menos deve ser já que somente é uma recepção. Olho para todos os lados, e vejo que a segurança daqui é bem pesada. Desde quando entrei notei várias câmeras de vigilância em todos os lugares, e vejo que aquilo não é nada comparado com a grande televisão com as imagens de todo o lugar.

Caralho, aqui é enorme. Aquilo é uma piscina?

Fico observando as imagens enquanto o rapaz me diz para sentar em uma cadeira ali perto. O lugar é maneiro, pelo o que pude observar tem piscina, academia e sala de jogos. Talvez não tenha sido mesmo uma má ideia ficar aqui.

— Internação voluntária. — Ouço o rapaz dizer e desvio os olhos da televisão. Ele está cochichando, mas eu conseguiria ouvir se quisesse ou se não estivesse distraída.

Eu Não Estou SóbriaOnde histórias criam vida. Descubra agora