— Agora você está acabada. — Diz minha mãe, com uma expressão de preocupação misturada com satisfação.
Corro para o banheiro e tomo um banho me limpando o mais rápido possível.
Eu não acredito que esse velho tenha que chegar logo nesse momento. Puta merda eu estou literalmente na merda.
Limpo minhas mãos e meu rosto e me jogo sobre minha cama colocando a primeira peça de roupa que vejo em minha frente. A porta se abre e eu me viro pro lado contrário para fingir que estou dormindo.
— Você deixa essa menina mal acostumada. Olha a hora e ela está dormindo ainda. — A voz do meu pai soa por todos os cômodos da casa.
— Deixa ela dormir, hoje o dia vai ser longo.— Minha mãe diz com a voz suave, enfatizando a parte do longo como uma indireta para mim.
Não estou entendendo as intenções de minha mãe na verdade. Ela poderia muito bem ter aproveitado a oportunidade e ter contado tudo para meu pai, se bem que eu sabia que ela ia agir assim no momento, já não quer dar preocupação para cabeça de meu pai logo cedo e também tem um pouco de medo da sua reação.
A porta se fecha e ouço as vozes ficando mais baixas conforme eles vão andando.
— Acorda vagabunda.— Uma voz se repete na minha cabeça várias vezes até me dar conta que cai no sono. Percebo que alguém abriu a janela do meu quarto e abro lentamente meus olhos.
— Oi pai. — Digo com a voz falhando pelo sono, não demonstrando nenhuma felicidade ao vê-lo. Ele está mais calvo do que me lembrava, meus cabelos pretos foram tomados pelos fios brancos e sua barba está bem grande. Atrás dele minha mãe recolhe a mala se roupas jogadas ao chão.
— Pra que essa mala? — Ele franze a testa e dá um pequeno chute na mala jogada ao chão com as roupas bagunçadas. Minha mãe quase gagueja ao falar:
— Verônica foi viajar com Júlia. — Minha mãe inventa uma história enquanto junta as roupas e a colocam na mala de novo.
— Não gosto dessa garota, já falei mil vezes e não me escutam. — Ele começa a alterar o tom de voz e se levanta da minha cama. Fico em silêncio apenas olhando fixamente para ele.
Novidade. Ele não gosta de nada relacionado a mim. Quando eu era criança, antes de conhecer Júlia, tinha outra amiga que ele não gostava e então para nos separar brigou com os pais da garota. A briga foi feia e nunca mais vi a menina, a satisfação do meu pai foi enorme que ele ria mesmo com o rosto machucado.
Ele só não fez isso com Júlia porque mal se importa e mal fica em casa. Até agradeço mentalmente na verdade.
— É velho... você era um saco. — Ele tira a foto do meu avô do varal de fotos e as observa. Dou um pulo da cama e corro para tirar a foto de sua mão e colocá-la no seu devido lugar. Ele me observa desaprovando meu ato, mas permanece em silêncio e sai do quarto.
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Eu Não Estou Sóbria
RandomVerônica Vitale presenciou o cruel assassinato de seu avô. Na tentativa de fugir e esquecer o que aconteceu, ela conhece o mundo das drogas e acaba se tornando uma dependente química. Sua vida se torna um verdadeiro inferno e, quando ela se dá con...