Capítulo 33

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Abro os olhos.
 
Me encontro no quarto novamente. Sento-me na cama, levantando-me lentamente e vou até o corredor.
 
Há várias portas do lado esquerdo e direito, andando por elas consigo encontrar muitas de meus piores medos e inseguranças. 
 
Cada sala é representada por pessoas dentro dela. Pessoas familiares e presentes em minha vida. 
 
Na primeira sala, consigo ver a mulher de cabelos vermelhos me olhando com o sorriso largo e aterrorizante, mas não pode me tocar, não pode sair da sala. Sua sala é sombria, cenário do local em que a vi, e os sons de gritos amedrontadores são nítidos ao me aproximar. 
 
Logo em seguida me deparo com a sala de meus pais, meu pai se isola no canto do cômodo, já minha mãe caminha por todo ambiente vestindo roupas em tons mais claros, apesar dos sinais de frieza eu seu rosto. Há correntes nessa porta.
 
Observando a esquerda há Júlia, a cor amarela é bem perceptível em seu espaço e ela sorri.
 
Na sala a frente, Samuel corre ao me ver, mas é impedido pelas correntes pesadas em suas costas, prendendo seus braços. Sua sala é composta com um azul escuro. Ele se ajoelha no chão me olhando com um olhar de tristeza.
 
Andando mais um pouco, ouço uma melodia. 
 
A próxima sala é verde, contendo algumas plantas e uma luz solar bem forte. Ao meio, vejo Isaac tirando algumas fotografias da paisagem. Ele sorri e acena.
 
A última sala me chama a atenção, a alta luz forma uma silhueta pela porta
 
— Oi, vô. — Sorrio brilhantemente ao ver meu avô vestido por roupas brancas.
 
— Olá minha netinha. Você descansou bem? — Ele abre os abraços permitindo que eu invada seu espaço.
 
— Sim. — O abraço forte. — Eu sinto a sua falta todos os dias da minha vida.
 
— Eu também sinto, minha pequena. — Ele acaricia meus cabelos.—  Mas agora chegou a hora de você lutar. — Ele tira a força do braço, desfazendo seu aconchegante abraço.
 
— Eu cansei de lutar. — Me afasto de seu corpo.— Eu nunca vou superar isso, nunca vou superar sua morte vô. — Falo um tanto quanto desesperado.
 
— Eu já estou morto, não há o que fazer... mas você ainda tem a vida toda, pode se recuperar e ter um futuro brilhante. — A calma em sua voz é como o canto de pássaros ao amanhecer.
 
— Não dá para voltar atrás nas coisas que eu fiz. — Envergonhada olho para todos os lados, menos ao seu rosto.
 
— Eu também não vou voltar, só que mesmo assim você continua me deixando viver em suas memórias. — Ele pega em meu rosto. — Você tem muitos assuntos pendentes. — Ele me pega em meus ombros e joga sua força contra a minha.
 
— Eu não quero mais voltar! — Me debato ao ser empurrada para o outro lado do corredor. - Você não entende, eu quero que ficar com você! — A mulher de cabelos vermelhos me puxa penas pernas até eu entrar na porta do fim do corredor.
 
— Nos encontraremos novamente minha linda. — A porta se fecha.
 
Tudo volta a ser como era antes. Completamente escuro.
 
Beep. Beep. Beep.

Eu Não Estou SóbriaOnde histórias criam vida. Descubra agora