Tudo isso é uma merda.
Tudo desmoronou. Estou machucando aos outros e a mim mesma e isso é uma das poucas coisas das quais tenho certeza.
Sou um erro. Um vírus que contamina tudo o que se aproxima.
A culpa por ter magoado a todos ao meu redor, por ter destruído a minha vida, por ter escolhido um futuro fracassado é toda e completamente minha. Eu perdi tudo e esse sentimento é uma merda.
O futuro que eu pensei dias atrás estava mais próximo do que eu imaginava. Só não sabia que viria acompanhado por toda essa bagunça envolvendo quem amo.
Agora eu estou aqui, perdida e com frio, sem ter para onde ir.
Vejo as ruas vazias e percebo que a madrugada chegou, não diria que estou há mais de doze horas sóbria, pois usei a cocaína do apartamento de Júlia antes mesmo dos paramédicos chegarem. Eu sei... Como conseguiu fazer isto enquanto sua amiga estava à beira da morte? Isso de fato é algo que não sei explicar, mas o que eu sei é que aquela quantidade não foi o suficiente.
Quando me sento na calçada de uma loja de tabaco, e tiro meu celular do bolso da calça, escondendo-o entre meu sutiã com medo de ser roubada.
De novo não.
Estou na cozinha. Dessa vez consigo andar por todo o cômodo, mas a parede invisível agora está na porta.
A mulher de cabelos vermelhos, está andando de um lado á outro na cozinha. E os dois caras estão ali, sentados com uma faca no bolso, como se nada fosse acontecer. Seus rostos estão uma completa escuridão, e apenas posso ouvir cochichos incapazes de serem entendidos.
A mulher mexe no armário, tentando encontrar algo.
De repente, meu avô aparece na porta da cozinha, com uma foto minha na mão. Droga, ele e seus modos de mostrar tudo a desconhecidos.
Quando ele percebe a bagunça que está a cozinha, ele se dá conta do que está acontecendo. Meu avô dá alguns passos para trás, mas é lerdo demais perante a rapidez dos dois homens. Bando de covardes.
Logo o quadro com a minha foto cai ao chão, e desliza para de baixo do armário.
E é assim que tudo começa. Meu avô é socado, chutado e também mutilado, quando um dos homens não hesita em tirar a faca do bolso e fazer um corte em sua barriga, depois em sua perna, e em um de seus braços.
Os cortes são profundos e isso prova que ao invés de só querer roubar meu avô, eles queriam vê-lo sofrer, torturando-o.
As lágrimas se juntam nos meus olhos e eu desvio o olhar, apenas ouvindo os gritos de desespero de meu avô deitado sobre o chão. Se sua casa não fosse próxima a bagunça da avenida, onde sons são muito altos, alguém poderia ter ouvido. Mas isso não aconteceu.
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Eu Não Estou Sóbria
RandomVerônica Vitale presenciou o cruel assassinato de seu avô. Na tentativa de fugir e esquecer o que aconteceu, ela conhece o mundo das drogas e acaba se tornando uma dependente química. Sua vida se torna um verdadeiro inferno e, quando ela se dá con...