Capítulo Vinte e Oito.

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NICOLAS.

Na oitava semana, o primeiro ultrassom.

Eu já sabia que ia ser um dos momentos mais impressionantes. Nós sabíamos! Eu, a Mel e o bebê. Impressionante ver o tamanho e saber que um dia será maior que eu. Impressionante saber que já tem partes do corpo se formando, mãos, pés, uma pequenina cauda que será sua coluna e até cordas vocais! 

Impressionante e incrível é o coração. Um micro coração. As batidas eram incríveis. A Mel estava atenta e prestando atenção em tudo o que a médica dizia, mostrando e explicando cada parte ali de dentro. E eu chorando, claro, emocionado em escutar pela primeira vez, que o meu filho estava vivendo por dentro. O som é incrível, 150 batidas por minuto, a música mais linda que eu escutei em toda a minha vida, até hoje. 

Saí de lá com um bônus de uns 50 anos de vida. Que coisa boa essa sensação, que delícia.

— Obrigado meu amor por mais esse presente. — sussurrei e ela sorriu para mim. — Te amo, Mel. Amo você e os dois corações que batem aí dentro. Corações que fazem o meu ser forte e ter a certeza que ter um filho é sim a melhor coisa do mundo! — ela fungou e eu juntei nossos lábios, iniciando um beijo calmo. Nos separamos segundos depois por falta de ar e então sorrimos.

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NOVE SEMANAS.

Alguns dias parecem voar e outros parecem estar estagnados. Fico nessa sensação de que os dias que não passam são os mais longos que já vivi, pois agora o propósito para o tempo passar mais depressa é o maior de todos: que nosso filho chegue logo. Mas então eu penso um pouco mais e o óbvio vem em minha cabeça. Ele ou ela já esta aqui. Já estamos vivendo como se uma criança estivesse convivendo todos os dias conosco.

— Não é justo eu querer que você pule as etapas necessárias pra estar aqui em minha frente, filho! — sussurrei baixinho ao acariciar levemente a barriga da Mel. Estávamos todos no quarto e no momento ela estava dormindo ao meu lado e a Valentina estava ao lado dela também dormindo serenamente abraçada a mãe. — Tome o tempo que for preciso aí dentro da mamãe. Por aqui estamos deixando tudo preparado para sua chegada. Quando digo deixar tudo preparado, não estou falando do quarto do bebê, das mudanças na casa, nada material. Estamos preparando nossas vidas pra te receber, filho. Sim, estamos lendo alguns livros, ouvindo conselhos, planejando, imaginando… mas a preparação maior é dentro de nós, é hora de corrigir onde achamos que costumamos errar, hora de pensar melhor antes de falar, conhecer um pouco mais as nossas fraquezas, nossos pontos mais fortes, trabalhar o lado emocional e cuidar de nossa saúde, pra quando você chegar, o terreno por aqui estar o mais sereno e puro possível. — depositei um beijo na barriga dela, em seguida beijei sua testa. Cobri as duas com o cobertor e fiquei olhando elas por mais alguns minutos. Penso que os 9 meses não são apenas para a evolução do bebê, mas é um tempo para a família — pai, mãe, irmã e o bebê — se prepararem juntos.

Instantes depois eu acabei pegando no sono abraçado as minhas garotas e eu poderia afirmar que esse é um dos meus melhores momentos com elas.

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DEZ SEMANAS.

Essa semana foi diferente. Todas tem sido diferentes, mas dentro das 10 semanas como pai, essa foi a mais diferente. A ficha parece começar a cair e o bebê vai ficando cada vez mais presente em nossas vidas, mesmo sendo apenas do tamanho de uma azeitona. Mas uma azeitona com mãos, pés, coração, dividindo a alimentação com a mãe.

De Repente Pai.Onde histórias criam vida. Descubra agora