MELISSA.
Estava sentada no tapete quando o Nicolas entrou na sala segurando a mãozinha da Valentina.
Tínhamos combinado de contarmos juntos a ela que a mesma iria ganhar uma irmãzinha ou um irmãozinho, e que ela ocuparia o cargo de irmã mais velha em breve. Estava tão nervosa e curiosa para saber qual iria ser sua reação diante de toda aquela situação.Quando o Nicolas se sentou no tapete ao meu lado e a Valentina se sentou em meu colo me olhando curiosa, eu sabia que tinha chegado a hora de começar a falar, de contar a ela a novidade.
— Lembro como se fosse hoje o dia que eu peguei o meu primeiro teste de gravidez em minha mão. Depois de vários sintomas, depois de tudo me dizer que sim, ainda restava aquela dúvida. Afinal, eu nunca imaginava que poderia ser mãe. Nunca imaginava que um dia meu milagre ia chegar, estava sem fé, sem esperança, sem expectativas… Até que um positivo mudou toda a minha vida, meu coração parecia que ia sair pela boca e Deus falava claro em meu coração: Você será mamãe. Filha, seu milagre chegou. Filha, o diagnóstico da sua vida quem da sou Eu, e Eu disse POSITIVO! Eu sou o Teu Deus! Eu queria chorar, queria gritar, queria pular. Deus começou a curar minhas feridas me trazendo o milagre da vida, o milagre da gestação, um milagre chamado maternidade. Você foi o meu primeiro milagre, filha. — minha voz embargou e Valentina sorriu passando sua mão delicadamente em meu rosto.
— Eu sei, mamãe. A senhora me contou a história do meu nascimento. — ela sorriu. — Eu sou um milagre de Deus em sua vida e na vida do papai também, já que eu sou filha dele também. — direcionou seu olhar para o Nicolas que olhava para ela com os olhinhos brilhando.
— Sim, querida. Você é o nosso primeiro milagre. — Nicolas beijou a testa dela.
— Um dia sonhei… Quero ser mãe de uma menina que ande de marias-chiquinhas pela casa empurrando um carrinho de bonecas,
Brinque com meus sapatos de salto, que brinque com as minhas maquiagens. Faça roupinhas para suas barbies descabeladas.
Quero ser mãe de uma garotinha que fique com as bochechas coradas de correr, que suba em árvores… que coma fruta do pé e limpe a boca na manga da blusa de crochê. Que tome sopa fazendo barulho sem querer.
Quero ser mãe de uma menina de que tem um lindo olhar. Brinque de vídeo-game e fique brava quando perder. Que saia para correr descalça pela casa. Que seja a primeira da classe e seja elogiada por isso. Quando adolescente, que chore vendo um filme, que ganhe seu primeiro sutiã, que escove os cabelos para dormir, que queira namorar e sair, que chore no meu ombro a primeira decepção, que peça permissão para chegar de manhã. E, que quando mulher, saiba que não é fácil ser mãe, mas tenha a mesma sorte que eu: seja mãe de uma menina. — disse emocionada e a abracei carinhosamente.— Ser seu pai é… aprender coisas novas, as quais eu nunca imaginei dar atenção. É descobrir que a cor que você chamava de rosa na verdade é rosa pink, e que, além dela, existem vários outros tons. Ser seu pai é se apegar lendo revistas de penteados infantis; É tentar entender o mistério de se fazer uma trança e que tic-tac não é aquela balinha e sim uma coisinha para prender cabelo. — Nicolas disse e a nossa pequena acabou rindo. — É brincar de fogãozinho e imaginar que tem comida nas panelinhas; É dar papinha e trocar fraldas de bonecas. E por falar em brincadeiras... ser seu pai é saber que usar maquiagem fora do carnaval é normal, é pintar as unhas, é brincar de desfile de moda, é contar historinhas da princesinha, da joaninha, do coelhinho rosa que tinha filhotinhos rosa e morava em uma casinha rosa.
— Eu amo a cor rosa, papai. — Valentina comentou com os olhinhos brilhando e Nicolas sorriu.
— Eu sei, princesa. — ele beijou a testa dela. — Ser seu pai é se importar com os acessórios cheios de estrelinhas que estão no seu cabelo para não cair; É ter os olhos marejados e um nó na garganta constantemente; É ter na troca de olhar toda a comunicação e cumplicidade do mundo. — ele olha para mim ansioso e eu acabo sorrindo pegando a carta que tínhamos feito algumas horas antes e junto a ela tinha um pequeno embrulho, coloquei o pequeno presente no colo da Valentina e ela me olhou curiosa.
— Primeiro eu vou ler essa cartinha para você, filha. Depois você pode abrir o presente. — disse baixinho, e então ela assentiu. Eu abri a carta começando a ler baixinho. — Ter uma irmãzinha ou um irmãozinho é ter a certeza que você irá ter a melhor amiga ou o melhor amigo que você sempre sonhou em ter. — comecei a ler e a cada frase ela ficava ansiosa para saber o que realmente tinha escrito em toda a carta. — Ser irmã mais velha é ser uma heroína, ser um exemplo, ser uma contadora de histórias, ser concerta tudo, ser cúmplice, ser guardiã de segredos, ser responsável por uma vida tão frágil, super protetora, e tudo mais. — ela direcionou seu olhar para o Nicolas por alguns segundos e em seguida voltou a olhar para mim. — É ensinar, ajudar, se responsabilizar, proteger, cuidar, amar, guardar, brincar, chorar, sorrir e conquistar junto. Estar sempre junto. É discutir, separar e voltar na certeza do amor. Não é escolher, é ser escolhido. É ser presenteado com um tesouro de valor incalculável. É sentir as mesmas dores, passar pelas mesmas chuvas e tempestades. É sentir com a alma, com o coração e com a emoção. É ter o abraço mais doce, ser eterno no olhar, nas palavras e no silêncio. A irmandade é a cumplicidade entre laços de sangue, mesmo que com sonhos e destinos diferentes. Ser irmã mais velha é amar mais que tudo e mais que qualquer coisa. Alguém que te irrita, alguém que mexe nas suas coisas, alguém que te dedura para os seus pais... É ter alguém por quem você iria até o fim do infinito e voltaria duas vezes se preciso. — terminei de ler a carta e a minha pequena me olhava com os olhinhos brilhando de expectativas.
— Ser uma irmã mais velha é ser e ter isso tudo, mamãe? — ela perguntou animada e eu assenti sorrindo.
— Agora você pode abrir o presente. — Nicolas disse e ela assentiu. Quando ela abriu o embrulho e tirou cuidadosamente o pequeno quadro decorativo que se encontrava nele, seus olhinhos se arregalaram.
— "Promovida a irmã mais velha" — ela disse a frase do quadro em voz alta e eu assenti devagar. — Mamãe, isso quer dizer que... — ela parou de falar e olhou para mim com os olhinhos brilhando.
— Sim, meu amor. — peguei em sua mãozinha e coloquei ela sobre a minha barriga. — Você vai ganhar uma irmãzinha ou um irmãozinho. — disse baixinho e ela sorriu encantada, começando a alisar delicadamente minha barriga por cima da blusa.
— Eu vou ganhar uma irmãzinha ou um irmãozinho. Isso é tão legal, mamãe. — disse animada e então levantou um pouco minha blusa e depositou um beijinho em minha barriga. — Eu vou ser uma ótima irmã mais velha, bebê. Eu prometo.
Acabei me emocionando e Nicolas não estava muito diferente de mim, ele se aproximou e abraçou nós duas.
Uma nova etapa se iniciaria a partir dali, e eu estava muito feliz por estarmos iniciando ela juntos, em família.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De Repente Pai.
Roman d'amourSabe quando a vida lhe sorri de tal maneira que você se considera a pessoa mais sortuda do mundo?? Eu era o cara mais sortudo do mundo, tinha uma vida perfeita e muito dinheiro. Eu sou o filho talentoso, o irmão mais lindo e um dos atores mais bem...