Capítulo Trinta e Nove.

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Depois de falar apenas mais algumas palavras, o pastor anunciou a chegada do esperado momento de os casais se beijarem e selarem a união com essa expressão tão única de carinho, que alguns povos acreditam ser também o gesto por meio do qual compartilhamos com alguém parte de nossa alma. Eles cumprimentaram pais e padrinhos, saindo atrás deles para que, no final do corredor acarpetado, fossem cobertos por uma chuva de arroz, conforme a tradição. Conforme Dante explicou a Alex, enquanto pegavam um saquinho de arroz com a cerimonialista, o costume originou-se com os antigos hindus e chineses, em cujas culturas, o arroz era símbolo de frutificação e prosperidade, por isso acreditava-se que o lançamento de arroz nos noivos era um oferecimento de fertilidade a eles.

Os noivos se dirigiram a uma parte temporariamente isolada do salão de festas, onde tiraram fotografias, por alguns minutos, dentre as quais a da tradicional imagem do casal cortando o bolo junto. Havia um bolo só, mas, como o doce não era cortado de verdade na hora dos cliques, isso não foi um problema. Então vieram os pais, madrinhas e padrinhos, com quem também foram fotografados, e com os quais fizeram o primeiro brinde da noite, antes de os casais serem apresentados pelo DJ e dançarem uma música juntos, abrindo a pista de dança para que os convidados pudessem se divertir, finalmente.

Foi Melissa quem escolheu a canção A Thousand Years, de Christina Perri, e os agora Sr. e a Sra. Miller e Sr. e a Sra. Hernández dançaram a música inteira, trocando carinhos, beijinhos e juras de amor, até o DJ colocar uma segunda balada, e pedir para que os pais se juntassem a eles.
Depois disso, a pista não ficou mais vazia. Acompanhante de Júnior, com quem estava saindo havia duas semanas, depois de um encontro completamente casual em um bar, Lucy era uma das mais animadas na pista, e tinha quase sempre a companhia de Tina, convidada por ter ficado noiva de Adam, que continuava sendo um dos melhores amigos de Mel. Agora trabalhando na televisão, ele não era mais um simples fotógrafo, mas diretor de fotografia de alguns dos mais importantes programas da Blackpack no Ar.
A dança foi interrompida apenas para que os dois padrinhos e os pais das noivas falassem algumas palavras. Júnior teceu inúmeros elogios ao melhor amigo e a Cecília, com quem vinha convivendo muito nos últimos meses, não só por ela ser mulher de Gustavo, como também em razão de alguns programas que ele dirigia na rede BHShow terem o making of exibido pela Blackpack, o que fazia com que fossem necessárias reuniões semanais dele com a presidente do canal. Adrian falou do irmão mais velho, pois era dessa forma que ele considerava Nicolas, que sempre tinha sido um exemplo para ele, e elogiou a nova cunhada, implicando um pouco com ela, só para não perder o hábito adquirido na infância, e lembrou algumas histórias divertidas que tinham acontecido com ele, Mia, Nicolas e ela, durante sua adolescência. Victor fez Gustavo e Nicolas prometerem que cuidariam bem de seus bens mais preciosos e chorou ao lembrar que finalmente seu sonho de anos atrás, de ver suas filhas casadas com os meninos que ele tinha como filhos, estava se realizando.

Já estava na hora das noivas jogarem seus buquês e os quatro recém-casados se despedirem de todos e irem para sua lua de mel, quando Nicolas surpreendeu Melissa, subindo no palco junto com ela e pegando o microfone. Ele falou alguma coisa com o DJ, rapidamente, agradeceu a presença de todos, antes de pegar um outro microfone e entregar na mão dela, voltando a usar o seu.

— Antes que as meninas joguem o buquê para as solteiras esperançosas aqui presentes, eu tenho uma surpresinha para a minha linda mulher! — Nicolas falou. Ele fez um pequeno gesto e o DJ colocou uma música, cuja introdução Mel conheceu imediatamente. Era uma das músicas da década de oitenta, que ela tinha crescido escutando, porque seu pai era fã do grupo Journey. No entanto, não se tratava de uma música qualquer da década em que ela e Nicolas tinham nascido, mas da primeira música que ela tinha conseguido convencer Nicolas a cantar junto com ela, usando o karaokê que ela tinha ganhado dos avós. — Highway run... Into the midnight Sun... Wheels go 'round and 'round... You're on my mind. — ele cantou a primeira parte da música, deixando-a incrédula, porque ele nunca tinha concordado em cantar nada, a não ser quando estavam apenas os dois.

— Restless hearts... Sleep alone tonight... Sendin' all my love along the wire. — ela continuou, àquela altura já com o microfone que ele havia passado às mãos dela. Nenhum dos dois era nenhum cantor profissional, mas eles também não eram desafinados. Além disso, eles tinham cantado aquela música tantas vezes que eles tinham aprendido direitinho não só a letra, mas como controlar a voz para não fazer feio. Cantar juntos tinha aproximado os dois na adolescência, quando o que sentiam um pelo outro ainda era segredo, e, quando eles finalmente viraram um casal, as palavras tinham adquirido significado e Faithfully tinha virado a música dos dois. No entanto, eles ainda não a haviam escutado juntos desde seu reencontro, e aquecia o coração de Melissa que ele tivesse se lembrado e estivesse se expondo por ela, vencendo um bloqueio só para declarar, mais uma vez, o seu amor.
Os dois cantaram toda a canção e trocaram um beijo apaixonado, arrancando gritos e aplausos de uma plateia animada pela cena em si. Nicolas desceu do palco e deixou as protagonistas da festa cumprirem com o último ritual da noite, no qual a acompanhante de Júnior e a noiva de Adam conquistaram o símbolo da esperança de se casarem em breve.
As malas dos dois rapazes e das duas jovens senhoritas já haviam sido enviadas para o aeroporto, então bastou que eles trocassem suas roupas formais por outras mais confortáveis, se despedirem das pequenas e, em alguns minutos, estavam no carro que os levaria ao aeroporto, enquanto os convidados curtiam a última hora de festa. Estavam completamente exaustos, mas muito, muito felizes, quando o avião finalmente decolou do aeroporto de Buenos Aires rumo ao Brasil.


F I M.

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Cada final feliz é apenas um novo começo.

De Repente Pai.Onde histórias criam vida. Descubra agora