Capítulo Vinte e Um.

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NICOLAS.

Quando eu vi a Melissa correr em direção do carro em alta velocidade para salvar a vida da nossa filha e presenciei o veículo a arremessar para longe, fiquei sem chão e meu desespero foi tão grande que corri em sua direção mesmo com alguns carros ainda passando no local.

— MELISSA! — gritei desesperado e o carro que havia batido nela pisou fundo no acelerador, sumindo da minha visão em questões de segundos.

— MAMÃE! — Valentina gritou em desespero e caminhou lentamente até onde estávamos, ela mancava e eu notei que ela tinha vários arranhões espalhados pelo seu corpinho, alguns deles até sangravam. — MAMÃE! — ela gritou novamente se jogando no chão ao lado da Mel quando chegou perto dela. Quando ela iria se jogar em cima da mãe eu a peguei em meus braços, tentando fazer ela se acalmar.

A Melissa poderia ter fraturado alguma coisa e não era adequado mexer nela no momento, não daquela maneira, não quando não sabíamos o que ela tinha fraturado ou machucado com a queda. Valentina começou a se debater em meus braços, gritando e chorando desesperada e meu desespero aumentou.

— V-Valentina... — minha voz falhou e foi preciso eu apertar ela em meus braços para que ela ficasse parada.

— MAMÃE! MAMÃE! — seus soluços saíam sem controle e a esse ponto minhas lágrimas já desciam incontrolavelmente pela minha face. — ME SOLTA! PAPAI, ME SOLTA!

— CHAMEM UMA AMBULÂNCIA! — ouvi alguém gritar no meio da pequena multidão que já tinha se formado ao redor da onde estávamos.

— Por favor... — minha voz falhou e eu abracei Valentina fortemente, mas de um modo que não a machucasse e deixasse ela um pouco mais confortável em meus braços. — Por favor, filha. — ela chorava desesperada. — Você precisa se acalmar, precisa ficar calma. Por favor. — notei que sua temperatura tinha baixado consideravelmente e seu corpinho tremia a medida que seus soluços saiam descontroladamente.

Valentina se debateu e chorou por longos minutos, até que ela gritou uma última vez pela mãe e acabou desmaiando ali mesmo em meus braços. Um som alto da sirene da ambulância ecoou no local e levou apenas alguns minutos até ela parar aonde estávamos, foi tudo tão rápido, eu apenas vi os enfermeiros caminhando em nossa direção e pegando adequadamente a Mel, colocando ela na maca e segundos depois eu já estava dentro da ambulância ao lado da minha mulher desacordada com uma máscara de oxigênio em seu rosto e a minha filha ainda desmaiada em meus braços enquanto um enfermeiro injetava um soro em sua veia.

Orei baixinho e pedi a Deus para tomar conta de tudo e cuidar da Melissa e da Valentina, eu sabia que não poderia fazer muita coisa naquele momento, mas sabia também que Ele poderia. Então em meio as lágrimas eu entreguei todo o controle para Ele e depositei toda a minha confiança Nele.

         [××]

A ambulância estacionou em frente ao hospital quinze minutos depois e com isso as garotas deram entrada nele segundos depois, me fazendo seguir para a sala de espera e ficar naquele ambiente tão vázio e sem cor, permitindo que as minhas lágrimas mais uma vez desse sinal de vida. Eu queria ir com elas, queria ficar ao lado de cada uma naquele momento, mas eles não permitiram, as enfermeiras simplesmente me impediram de seguir adiante por aquele imenso corredor e eu estava me sentindo tão perdido, tão sozinho.

O tempo foi passando tão devagar que a angústia e a ansiedade já tinham tomado o meu corpo e eu nem precisei se esforçar para isso.
Estava tão nervoso que foi preciso andar em círculos durante um tempo por aquela sala, o ambiente continuou o mesmo e o silêncio estava me deixando ainda mais desesperado.

Senti um mão repousar em meu ombro e isso foi o suficiente para eu abrir os meus olhos e direcionar meu olhar para a pessoa a minha frente.

— Doutor. — minha voz falhou e eu me levantei ainda desnorteado.

De Repente Pai.Onde histórias criam vida. Descubra agora