Capítulo Vinte e Nove.

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NICOLAS.

TREZE SEMANAS.

Acho que a ficha está começando a cair.

Minha ansiedade melhorou uns 50% e acho que chegou no limite da melhora, pois não tem como não ficar na maior das expectativas até você ver nascer seu filho ou filha. Eu fico imaginando qualquer momento possível. Cada ultrassom, cada sensação que a Mel vai sentir durante a gestação, o primeiro chute, quais músicas vou colocar pro bebê ouvir lá dentro do ventre, até imagino mais pra frente, cada contração que a Mel vai sentir, vamos para o hospital? Peguei a mala? Fechei as janelas?Peguei a chave do carro? Nossa! melhor deixar esses pensamentos para as horas certas! Melhor pular para a imaginação do rostinho, carequinha ou cabeludo, carinha de joelho que todo mundo tem a cara de pau de dizer que parece com a mãe ou com o pai, mesmo todo amassado! Amassado e lindo, eu vou achar, claro!

Nas ruas eu já reparo em crianças de um jeito diferente. Presto atenção em como se comporta cada uma que vejo, como se relacionam com os pais. Se vejo a cena de um pai sozinho com o filho ou a filha, passa um filme inteiro na minha cabeça. Sempre, sem exceção, um sorriso expontâneo toma conta do meu rosto todo. Sorriso que revitaliza.

Que delícia essa fase que estou vivendo!

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CATORZE  SEMANAS.

Expectativas! Semana que vem temos um ultrassom e muito provável saberemos o sexo do nosso filho! O que será? 

O mais importante de tudo é que o bebê está saudável. No último ultrassom, o morfológico, vimos que tudo está em perfeita formação, os órgãos e a coluna estão quase 100% prontos. Mas quando digo que a saúde do bebê está ótima, não estou falando apenas da perfeição física, pois a saúde vai além disso. E o amor que o feto sente dentro da barriga é que faz a jornada de qualquer gestação ser saudável. 

Uma sensação engraçada, pois quando perguntam “o que acham” ou, “o que vocês gostariam que fosse?”, não sinto a menor vontade que seja um sexo específico. Talvez porque o segundo filho é algo tão especial que você acaba esquecendo de “querer” que seja homem ou mulher. E mesmo sem esse “querer”, esse momento de saber o sexo é incrível. Ainda mais porque o sexo já é definido lá no início de tudo e parece que você esquece disso, parece que só depois de alguns meses é que o bebê escolhe como virá ao mundo.

Alguns pais já cobram de seus filhos antes mesmo de nascerem. Sim, esperar que nasça um ser pra transformá-lo em uma figura que você se importa como outros verão, é uma injustiça. Injustiça com essa alma que escolheu tal família pra nascer e, muito provavelmente, será uma alma que vem pra ensinar essa família uma nova lição.

Quero muito saber se o meu bebê virá menino ou menina… mas quero que ele saiba que está nascendo em uma família que sempre vai amar ele! Igualdade é algo que ele vai aprender nessa família. O mundo tem uma dificuldade muito forte em entender isso e ele tem a sorte de nascer em uma família que respeita à todos!

— Papai...

Gênero é gênero, raça é raça, mas o melhor de tudo é que: amor é amor!

— PAPAI! — Valentina grita me tirando dos meus pensamentos,  minha pequena estava com os braços cruzados na minha frente, ela parecia irritada. — Papai eu estou te chamando já tem tempo. Porquê o senhor está sorrindo olhando para a parede? — perguntou curiosa e eu acabei sorrindo.

— Estava pensando no mais novo integrante da família, pequena. — comentei e ela sorriu. — Nem notei que você estava me chamando.

— A mamãe mandou eu vir ver porque o senhor estava demorando para voltar. — ela comentou e eu arregalei os olhos. Quanto tempo eu tinha ficado na cozinha pensando no bebê? — O filme que estávamos assistindo já acabou e a mamãe já colocou outro. E o bebê quer o sorvete dele, porque a mamãe disse que ele quer e que você estava demorando muito. Cadê o sorvete dele, papai?

De Repente Pai.Onde histórias criam vida. Descubra agora