14. Eu quase ganho uma detenção

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"A vida é uma aventura ousada
ou, então, não é nada."

Helen Keller

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São quase duas da madrugada e eu estou me movendo sorrateiramente pelos corredores escuros do castelo. Tessa e Liv estão logo atrás de mim, assim como Harriet e Naomi. Ainda não acredito que estou fazendo isso, esse é o pior plano entre todos os piores planos do mundo. Qual a chance de conseguirmos invadir a Seção Restrita sem sermos pegas? Menor do que a de um amasso botar ovos, com certeza.

O pior de tudo não é o fato de estarmos nos esgueirando pelo castelo durante a noite quando isso é terminantemente proibido, ou o fato de estarmos atrás de pistas sobre algo supostamente mortal. É o fato de elas estarem tão animadas com isso. Tessa e Harriet agem como espiãs de filme de ação e Naomi se reveza entre sentir medo e ficar empolgada. Até Liv está animada. Quem olha para ela nem imagina que acabou de terminar um namoro – o namoro mais curto de toda a história de Hogwarts, diga-se de passagem. Foi Naomi quem me contou e quando perguntei sobre, Liv só me disse que era boa demais para ele. Que bom que ela percebeu logo. Cole certamente já está planejando a próxima conquista, então acho que acabou bem para os dois.

Finalmente estamos subindo a última escadaria até o quarto andar, só mais dois corredores e estaremos na Seção Reservada.

— Meu Merlin, isso é tão legal! – diz Tessa no que soa quase como um gritinho.

— Me sinto num filme... – comenta Harriet.

— Já podemos voltar? – Naomi indaga, nervosa.

— Já se arrependeu, Naomi? – provoca Liv.

— Dá pra ficarem quietas? – eu as repreendo – Estamos quase lá...

Seguimos pelo corredor e viramos à esquerda, onde um longo corredor vazio nos encara. Quase lá. O luar entra pelas enormes janelas, iluminando o chão de pedra.

Estamos na metade do corredor quando ouvimos passos arrastados no corredor anterior. Pânico percorre meu corpo. Nos olhamos aturdidas. Não podemos correr porque isso faria muito barulho, mas se não corrermos não chegaremos até o fim do corredor. Há um banheiro e uma sala no início do corredor, mas também não chegaríamos a tempo.

Estamos ferradas.

— O armário... – sussurra Harriet.

Só então noto que há um pequeno armário de vassouras não muito longe de nós, bem escondido nas sombras.

Andamos o mais rápido e silenciosamente que conseguimos até ele.

Os passos se aproximam, mais e mais.

Harriet e Naomi entram no armário, em seguida Liv e Tessa. Estou quase diante do armário quando uma figura aparece na extremidade do corredor. Merda.

Tessa gesticula para que eu entre logo, sinalizo que não dá mais tempo.

A figura se aproxima. O zelador. Que ótimo, a coisa que ele mais gosta na vida é entregar alunos transgressores.

— Eu sabia! – exclama Filch – Onde está?

— Onde está o quê? – pergunto confusa.

— Não se finja de desentendida, sua fedelha! – brada ele – Sei muito bem sobre a bomba de bosta que está planejando esconder na biblioteca.

— Não tenho nenhuma bomba de bosta. – digo firmemente, como se não estivesse morrendo de nervoso – Pode me revistar se quiser.

— Eu não vou fazer nada, quem vai fazer é a diretora Minerva! – exclama, segurando meu braço e começando a me puxar pelo corredor.

O abismo que há entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora