24. Uma partida acirrada

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"Minhas pontas sempre foram afiadas demais, minhas ranhuras, profundas demais."

Jasmine Warga

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Na semana seguinte, mais especificamente no sábado, Emma, Liv, Tessa e Claire ainda me odeiam. Harriet e Naomi não parecem estar com raiva, mas também não se dão o trabalho de falar comigo. Não as julgo, eu também me evitaria se pudesse.

Pelo menos a ideia maluca de James funcionou. Quer dizer, de certa forma, porque agora as meninas do seu fã-clube me olham com ódio toda vez que me veem pelos corredores, isso sem falar nas coisas que tive que ouvir por ter supostamente traído James com o cretino do Macmillan. Então acho que não funcionou tanto assim...

Mas o pior de tudo não é ser chamada de vadia por um bando de garotas surtadas entre uma aula ou outra, é me olhar no espelho e saber que sim, eu sou uma vadia egoísta e estúpida, e não importa o que eu faça, nada vai compensar isso. Nada vai apagar minhas palavras da memória de Liv, ou fazer com que Claire se sinta menos descartável, a insegurança de Tessa só vai aumentar, Emma vai ficar ainda mais irritada com tudo, Harriet sempre me olhará com decepção e ressentimento, Naomi talvez jamais deixe de pensar que é inútil, e James... James nunca vai me perdoar.

E a culpa é toda minha.

Mesmo que eu conserte isso, nenhum deles nunca mais será o mesmo, por minha causa, porque todas as marcas que eu deixo nas pessoas são cicatrizes.

Nada me tira da cabeça que devia ter me isolado antes, assim ninguém estaria machucado, porque eu não teria ninguém para machucar.

Balanço a cabeça e me forço a esquecer esses pensamentos.

Hoje é dia de jogo – o clássico Grifinória vs Sonserina –, então todo mundo está muito agitado, até mesmo nós da Lufa-Lufa. O salão comunal está um caos, todos conversam sobre quem acham que vai vencer e mais um monte de bobagens sobre o jogo que está para começar.

Tento me concentrar numa redação para a aula de Teoria da Magia, mas é impossível. Depois de muito insistir, aceito que não conseguirei fazer isso agora.

Pego meu pergaminho e meus livros e levo para o dormitório, esbarro em Emma na porta, ela sequer olha para mim e não responde quando peço desculpas; Liv está conversando com Harriet, as duas estão sentadas na cama dela quando entro no quarto, elas se calam assim que me veem. Um misto de irritação e tristeza invade minhas veias e eu quase comento algo ácido, mas não o faço, só coloco meus materiais em cima da minha cama e volto rapidamente para a comunal.

Isaac está conversando com uma menina baixinha de cabelo curto e com um garoto ruivo – quintanistas, eu acho – perto da lareira. Ele faz um gesto com a mão, me chamando.

Acho estranho. Flint e eu não conversamos, talvez porque eu não dê abertura para isso, mas não importa, caminho até eles mesmo assim.

— Caramba, que cara é essa? Parece que tomou hidromel estragado.

Não tinha percebido que ainda estava de cara amarrada, acontece que ver Liv e Harriet juntas é sempre meio pungente para mim, por mais que eu saiba que não deveria ser.

— Quem me dera fosse só isso.

Ele espera que eu continue, mas não digo mais nada, então ele dá de ombros.

— Esses são Ava Podmore e Will Wakefield. – diz ele, apontando para os dois quintanistas.

— Ah, oi. – digo com um sorriso incerto, e então para o tal Will – Você é do time, não é?

O abismo que há entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora