Extra

123 7 24
                                    

"Nunca me diga a probabilidade." 

Casey McQuiston

・:✧∙✦∙✧:・

Erro.

A palavra se repete na minha cabeça enquanto encaro o teto.

Eu sei que ela não quis dizer isso.

Sei que só está tentando me afastar.

E eu nem posso culpá-la. Não depois de tudo o que aconteceu. Não depois de tudo o que fiz.

Porque eu sei.

Eu fiz isso.

Provoquei esse grau de defensividade nela.

Mas ainda assim... doeu como o inferno.

Erro.

Ela não percebe que estou dando o meu melhor? Não percebe que tive que engolir toda a droga do meu orgulho para lhe dizer aquelas coisas?

Ela sabe que sou orgulhoso. Sabe que eu nunca, nunca me exporia daquele jeito para ninguém. Muito menos para ela. E ainda assim, ela não acredita em mim.

E daí? Isso não devia importar tanto.

Ela não devia importar tanto.

Eu sei que não. Eu devia odiá-la. Mas vê-la agarrar minha camisa daquele jeito, vê-la me beijar daquele jeito, com vontade, com força... eu não consigo, pela minha vida, lembrar porquê.

Tudo o que consigo me lembrar é da sua boca impaciente, recusando minha tentativa de ser gentil. É da maneira como me puxou para perto, sem qualquer inibição. Das suas mãos no meu cabelo, na minha pele. Do modo como sussurrou meu nome enquanto me beijava, de novo e de novo.

Tudo o que consigo lembrar é que eu a beijei. Depois de tanto tempo. Eu finalmente a beijei.

E ela me beijou de volta.

Ela realmente me beijou de volta.

Passo as mãos pelo rosto.

Porra, eu estou tão tenso.

Tão tenso.

Como diabos vou conseguir dormir depois disso?

Graças a Merlin, um travesseiro passa voando e atinge Theo e Jonny na cama ao lado, desviando minha atenção das mãos quentes de Bard.

— Vão fazer isso em outro lugar, caramba! – grita Louis, fazendo-os pararem de se agarrar.

Eles mostram o dedo do meio para ele, mas depois dão risada e saem do dormitório, batendo a porta com muito mais força que o necessário.

Depois dos rumores que surgiram essa semana, eles têm ficado mais no quarto. Theo não dá a mínima para nada disso, mas Jonny não suporta a ideia de que alguém acabe descobrindo tudo. Então ele anda ainda mais paranoico do que de costume. É um milagre ter aceitado sair tão fácil.

Louis joga um travesseiro na minha cara.

— Quê que há?

Eu me sento na cama, jogando o travesseiro de volta, mas não respondo.

— Eles mandaram outra carta?

Eu preciso de um segundo para lembrar do que caralhos ele está falando.

— Não.

— A gente vai dar um jeito, cara... você já falou com a Lauren?

— Meus tios não vão muito com a minha cara. – digo, como se isso fosse uma resposta – Mas não estou a fim de falar disso agora, então...

O abismo que há entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora