25. As coisas esquentam e explodem

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"Ele é uma faísca e você é altamente inflamável."

Holly Black

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O vestiário está vazio, todo o time já foi para a comunal da Grifinória comemorar. James também devia estar comemorando, afinal, eles só ganharam porque ele pegou o pomo. Mas em vez disso está aqui, me olhando com uma cara estranha.

— Que foi?

— Eu sei que você já disse que nunca... eu sei que não devia perguntar, mas... – ele hesita um pouco – Qual o lance com o Macmillan?

— Lance? Não tem lance nenhum. Ele é só um idiota que vive me enchendo o saco desde que tínhamos onze anos. – digo, meio rápido demais – Eu... eu não suporto aquele garoto.

Ele considera minha resposta, enquanto tira os protetores de braço e os coloca em seu armário. Não parece irritado ou frustrado, apenas... magoado. O que é mil vezes pior.

— Então... porque se esquivou de mim?

Porque não sabia o que pensar, porque nada que eu conseguia pensar fazia sentido, porque eu não devia estar sentindo o que estava sentindo, porque eu sabia que não devia, mas ainda assim estava. Não digo.

Ele espera. Seus movimentos são vagarosos quando se abaixa para remover os protetores dos joelhos e então se ergue para guardá-los. Há algo em seu olhar que diz que não está só chateado, algo que não consigo compreender e que ele talvez não queira que compreenda.

— É que... eu fico meio sem graça de... você sabe... ficar de pegação na frente de todo mundo. – respondo enfim, não é exatamente uma mentira.

Ele sorri, e as sombras desaparecem do seu rosto, como se nunca tivessem estado ali.

— Bem, não tem ninguém aqui... – sugere ele, retirando as luvas com um meio sorriso.

— James...

Não termino a frase, porque ele me beija de repente, me pressionando contra um armário de vassouras. Eu o beijo também. Porque não quero que me pergunte mais nada, porque sou uma idiota e porque não tenho mais certeza de nada. Ter o beijado no baile mudou as coisas. Mudou tudo. Mesmo eu sabendo que não deveria, mesmo eu odiando que tenha mudado.

Os lábios dele estão salgados. Seu cheiro é uma mistura confusa de perfume fresco e suor de jogo. Ele diz meu nome entre um beijo e outro, cada letra soa como brasa na sua boca. Suas mãos nunca pareceram tão pesadas ou quentes antes. Cada deslize exigente de seus dedos incendeiam minha pele. Merlin, o que deu nele? James nunca foi tão... intenso.

Seus dedos ágeis desabotoam os botões da minha camisa um por um enquanto ele me beija. Cadê minha gravata? Quando foi que ele tirou... Porra, o que é que eu estou fazendo? É o James, tento lembrar a mim mesma. Mas sua boca começa a descer lentamente pelo meu pescoço, mais e mais, queimando minha pele. Consigo ouvir sua respiração ofegante sobre o meu corpo. Parece que estamos num forno. Céus, isso não devia estar acontecendo...

Preciso fazer alguma coisa, isso já está passando dos limites. Digo seu nome, mas sai de um jeito que me deixa envergonhada. Sinto meu rosto pegar fogo. Engulo em seco quando ele sorri e me encara. Seus olhos estão escuros, suas pupilas, dilatadas. Dilatadas demais. Não quero que me olhe desse jeito. Eu deveria querer que ele me olhasse desse jeito? Não tenho tempo para pensar sobre isso, ele me beija com tanta força que mal consigo respirar. Suas mãos passeiam pelo meu corpo, por todos os lugares ao mesmo tempo. Mãos e mais mãos e mais mãos. Não sei direito se estou gostando disso. Eu deveria estar gostando disso?

O abismo que há entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora