"Cada pessoa é um abismo. Dá vertigem olhar dentro delas."
Sigmund Freud
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Acontece tão rápido que eu mal consigo entender. Quando vejo, Bard já está disparando para a porta com aquele garoto corvino atrás dela, deixando todo mundo na sala perplexo.
E o Sr. Bloomfield, como o cretino que é, segue a aula como se nada demais tivesse acontecido.
Sério, um dia eu ainda quebro o nariz desse cara...
— Carter! – chama ele.
Enquanto a garota caminha indecisa para a frente da turma, vejo Potter pegar a varinha caída de Bard no chão e seguir para a porta.
— Aonde vai, Sr. Potter? – Bloomfield questiona, em tom de advertência – A aula ainda não acabou.
Potter se vira irritado.
— Pra mim já deu! O senhor pode ficar aqui fingindo que nada aconteceu, mas eu não vou! – ele rebate, saindo da sala e ignorando Bloomfield.
Estou quase o imitando quando ouço Bloomfield me chamar.
— Macmillan, sua vez!
Não quero ir. Quero sair daqui. Preciso fazer alguma coisa, preciso ver como... Contenha-se, Macmillan. Não há nada que você possa fazer. É melhor ir logo e acabar com isso de uma vez.
Caminho até a criatura.
Quase que imediatamente, ela se transforma numa figura encapuzada, flutuando bem acima de mim. Meus ossos congelam enquanto ela se aproxima devagar, erguendo uma mão feia e podre sobre mim...
Tento manter as lembranças longe, mas eu nunca consigo controlar a droga do meu cérebro. De repente, eu tenho sete anos de novo. Estamos acampando. A barraca está em chamas. Eu queimei a porra dos marshmallows. Papai está me olhando com aquela cara. Edward está assustado. E eu sei que estraguei tudo. Estou correndo. Tudo é tão enorme e escuro. As árvores me engolem. E eu estou sozinho. Estou tão sozinho. Ninguém vem atrás de mim, por horas. Estou cansado. E com medo. Aquela coisa horrenda está em cima de mim. O frio gélido me sugando. Eu me sinto vazio. Então meus pais aparecem. Está tudo bem, querido. Acabou. Está tudo bem. Eles repetem. Eles estão aqui. Eles se importam. Ao menos dessa vez. Eles se importam...
Balanço a cabeça expulsando essas imagens e ergo a varinha.
— Riddikulus! – digo, com todas as minhas forças.
Então o manto negro do dementador se transforma numa capa de chuva ridícula.
Caminho de volta para o canto da sala.
Os olhos de metade da turma me acompanham.
Aconteceu a mesma coisa há três anos, quando usamos esse feitiço pela primeira vez. E eu quis fazer a mesma pergunta:
Perderam alguma coisa, inferno?
O Sr. Bloomfield imediatamente chama o próximo aluno, como se tentasse desesperadamente resgatar a atenção da turma.
Funciona.
Mais ou menos.
A maioria olha apreensiva para o garoto, como se esperasse algo ainda pior que o meu dementador.
Preciso sair daqui.
Mas o Sr. Bloomfield não sai de perto da porta.
Que inferno.
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O abismo que há entre nós
FanficTalento natural, notas altas e um distintivo de monitor. Isso é tudo o que as pessoas veem ao olhar para a lufana Alissa Bard. Ela, no entanto, sabe muito bem que não é assim tão perfeita, e sua vida, muito menos. Alis pensa demais, sempre fora assi...