34. Não é nada disso...

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"Ele era muito mais perigoso quando não estava com raiva."

Maggie Stiefvater

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— Ei, Bard.

— Humm...

— Acorda, Bard.

— Que foi, Macmillan? – pergunto sonolenta.

— Já é de manhã.

Espera...

Macmillan?!

Abro os olhos imediatamente.

A sala está mais clara. Noto um fiapo de luz entrando pelo pequeno espaço entre a porta e o piso. Tudo parece ainda mais empoeirado.

Demoro um segundo para me dar conta de que estou com uma mão sobre o peito de Macmillan e uma perna meio dobrada em cima dele. E Merlin... a mão dele... a mão dele está na minha coxa. Fico paralisada por um instante, sentindo meu rosto se aquecer, enquanto meu coração dispara. Ele afaga meu cabelo com a outra mão e sorri para mim, aquele sorriso terrível, a míseros centímetros do meu rosto. O que definitivamente não ajuda em nada. Eu estou derretendo. E ele sabe disso.

Expulso o estupor e me afasto, me levantando tão rápido que quase tropeço em uma pilha de pergaminhos.

— Não acredito que fez isso...

— Isso? – ele pergunta, sentando-se no chão.

— Aproveitou que eu estava dormin...

— Foi você quem ficou me agarrando a noite toda. – corta ele, então acrescenta, descaradamente – Eu só deixei.

Eu deixei? – repito, incrédula.

— O que queria que eu fizesse?

— Podia ter me afastado, qualquer coisa, só não...

— Eu sabia que se te acordasse você brigaria comigo. Exatamente como está fazendo agora. – rebate ele, se levantando com aquele seu ar insolente – E sinceramente? Eu não queria que saísse de perto de mim.

— Está vendo? Você estava gostando da situação.

— Eu só... você parecia confortável. – ele argumenta – Não quis te acordar.

— Quer mesmo que eu acredite que não gostou nem um pouco disso?

— Não disse que não gostei. – ele responde com aquele seu sorrisinho de lado, mas então fica sério – Mas não sou esse tipo de cara.

O tipo de cara que se aproveita de garotas, ele não diz. Nem precisa.

— Eu... não quis dizer isso. É só que... isso não podia ter acontecido... – tento explicar – Eu exagerei... eu acho. Mas não espera que peça desculpas por não confiar em você, né?

— Não.

— Então por que está me olhando desse jeito?

— De que jeito?

— Como se quisesse alguma coisa.

Ele me encara por um instante.

— Quero que entenda que não farei nada com você até que diga que quer que eu faça.

Engulo em seco, totalmente estarrecida. Ele quer me dizer que... está só esperando um sinal verde? Céus, isso... Não seja idiota, Alis, você conhece o jogo dele, não vai cair nesse papinho.

O abismo que há entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora