"Saber que não tinha coragem de fazer o que era necessário, me fez sentir horrível."
Charles Bukowski
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Acordo com uma luz incômoda no rosto. Desvio o olhar do teto abobadado para as enormes janelas na parede oposta. Péssima ideia. A claridade do sol é tão forte que me faz piscar. Merlin, quanto tempo eu dormi?
Pelo menos a dor infernal abandonou minha cabeça, mas o cansaço no meu corpo parece ter a substituído.
— Como se sente? – pergunta Liv, aparecendo do lado da minha cama.
Está com uma espécie de jaleco por cima do uniforme que a identifica como ajudante de Pomfrey. Ela me encara com olhos preocupados, e eu só me sinto pior.
Essas são as primeiras palavras que dirige a mim depois daquele maldito baile. Não é o que eu esperava, mas, de certa forma, é mais do que eu imaginava.
Por um instante, quase digo "magoada, envergonhada, arrependida e... surtando", mas sei que não é o que está perguntando.
— Parece que meus ossos foram triturados. – respondo por fim.
Um sorriso começa a se formar em seus lábios, mas ela logo fecha a cara de novo.
— O que você fez foi tão... como pôde ser tão irresponsável? – ela me repreende – Por que não parou de tomar aquelas poções? Eu avisei que se tomasse demais acabaria tendo um colapso.
— Eu não estava conseguindo conciliar todas as atividades, era tanta coisa... todas as aulas, a monitoria, as aulas de reforço para os mais novos, os clubes... – respondo, encarando minhas próprias mãos – Eu estava exausta... eu... eu precisava de energia.
Além disso, com todas as coisas que aconteceram nesses últimos meses eu não tenho tido mais o mesmo foco e ânimo para manter o ritmo, quase digo.
— Então resolveu se entupir de poções revigorantes? – ela indaga, em um tom mais desaprovador que sarcástico.
— Achei que conhecia meus limites... só estava sentindo algumas dores, então não achei que pudesse piorar tanto. – explico, me sentindo uma completa otária – Achei que podia aguentar, achei que tudo estava...
— Sob controle? – ela me corta – Essas poções dão energia, mas ainda assim você precisa descansar. Você sabe disso, caramba!
— Eu estava com a cabeça tão cheia que...
— Eu só sugeri isso porque achei que estava te ajudando, porque você disse que seria só durante as provas. – ela continua dizendo – Nunca pensei que pudesse ser tão estúpida...
— Eu sei, eu fui idiota. – digo, enfim a olhando – Mas eu tinha que dar conta de tudo ou eu...
— Meu Deus, Alis, para! Para com essa obsessão doentia. Você não tem que dar conta de nada, nem fazer tudo perfeito o tempo inteiro, caramba! – ela declara, frustrada – Você se pressiona demais sem motivo, vai acabar se matando desse jeito.
— Eu não sei como parar, não sei como ser de outro jeito... eu... não sei desacelerar.
— Porra, Alis! Você não vê? Esse seu perfeccionismo idiota ainda vai...
Ela não termina, pois Madame Pomfrey aparece ao seu lado, a interrompendo.
— Srta. Carter, poderia ir até as estufas colher um pouco de wiggentree? – pede ela – Preciso de uma poção Wiggenweld urgente para o Sr. Foster.
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O abismo que há entre nós
FanficTalento natural, notas altas e um distintivo de monitor. Isso é tudo o que as pessoas veem ao olhar para a lufana Alissa Bard. Ela, no entanto, sabe muito bem que não é assim tão perfeita, e sua vida, muito menos. Alis pensa demais, sempre fora assi...