XVII - Girlmare

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Luka e eu tentamos correr até uma sala qualquer para nos protegermos, mas assim que tentei passar pela porta a mesma bateu com força, me fazendo pular para trás.

- Cuidado - Luka falou me segurando - vamos, por ali! - ele apontou na direção de uma das únicas portas que ainda estavam abertas, tentamos chegar lá junto com os outros alunos que corriam para todos os lados.

Soltei a mão de Luka propositalmente e consegui me desviar discretamente no meio de todas as pessoas. Corri para o banheiro e Tikki saiu de minha bolsa instantaneamente.

- O que aconteceu? - a Kwami perguntou assustada.

- Não sei, Tikki, mas isso tem cheiro de Lila - me virei para a kwami - Tikki, transformar!

Saí do banheiro quando percebi que as pessoas já tinham se escondido e não parecia ter ninguém olhando. Fui até o telhado para fingir que tinha acabado de chegar ao local.

Observei a escola abaixo de mim por alguns segundos, tudo estava silencioso. Nem notei quando Chat apareceu ao meu lado.

- Isso é uma escola de vilões? Se eu tiver sorte posso conseguir pegar o autógrafo do Coringa - o gato brincou - parece que todos os alunos aqui já foram akumatizados!

- Nem me fale, Chat - falei ainda olhando atentamente para baixo.

Chat estava prestes a comentar algo quando ouvimos o barulho baixo de passos lentos, caminhei silenciosamente pelo telhado mas não consegui ver nada, a única opção era descer e enfrentar o inimigo cara a cara. Pulei para o térreo e Chat fez o mesmo.

Olhamos ao nosso redor mas não havia mais barulho, nem mesmo indício de que alguém estivera ali recentemente.

- Visitantes! - exclamou uma figura que não passava de um espectro roxo fantasmagórico no alto da escada - me perguntei se algum dia vocês iriam se matricular na escola, Ladybug e Chat Noir - a voz que fala conosco era ao mesmo tempo masculina e feminina, jovem e velha, simplesmente assustadora.

O espectro se envolveu em uma nuvem roxo-acinzentada e apareceu na escadaria oposta com uma velocidade impressionante.

- Mas, infelizmente pra vocês, nossas vagas estão FECHADAS! - ouvi todas as portas abrirem e fecharem com um estrondo tão forte que fez o chão sob nós tremer.

Não pude ver muita coisa antes de o espectro se lançar em nossa direção, Chat me empurrou para o lado antes que a nuvem roxa me atingisse, puxei meu parceiro com o ioiô e corremos pela escola tentando encontrar um lugar seguro.

- Não gosto de brincadeiras infantis como pega-pega, seus heróis fajutos - o espectro falou, e embora eu soubesse que ele estava longe, pude ouvir sua voz como um sussurro em meus ouvidos - tenho coisas mais importantes para fazer, pessoas para procurar... Marinette, apareça! Corra para os braços de seus heróis.

Lila. Eu estava certa, era ela mesma. Lila sabia que eu não estava escondida na mesma sala que os outros, por isso não entrava lá, provavelmente tinha me visto me "perdendo" de Luka na multidão e deve ter imaginado que eu estava escondida.

- Chat - falei em sussurro - preciso que entre naquela sala - apontei para o local onde todos estavam escondidos - e tire Juleika e Luka Couffaine de lá, mais ninguém!

Chat franziu as sobrancelhas desconfiado, mas obedeceu sem questionar. O espectro agora dava voltas nos corredores do segundo andar, abrindo todas as portas para me encontrar, sem nem desconfiar que eu era a Ladybug.

Notei um movimento estranho atrás da escadaria, me aproximei rapidamente. Eram Nathaniel e Mark, eles aparentemente não conseguiram chegar à sala onde os outros estavam a tempo.

- Ladybug! - Nathaniel exclamou sussurrando enquanto Mark olhava para os lados assustado, à procura do espectro.

- Preciso tirar vocês daqui, vamos! - estendi a mão na direção deles esperando que um a agarrasse primeiro para que eu os levasse para fora dali, mas nenhum deles se moveu. Os dois apenas se encaram, indecisos sobre quem seria salvo primeiro.

- Não acha que vou te deixar aqui, né? - Mark falou.

- Mark, vai primeiro, a Ladybug sabe o que faz - Nathaniel retrucou.

- O quê? Não! O fantasma, ele... - Mark tentou falar, mas Nathaniel empurrou ele em minha direção.

- Leve ele primeiro - Nathaniel falou e se virou para Mark, suavizando as expressões ao notar o medo nos olhos do amigo - eu vou ficar bem, Ladybug vai voltar e me buscar também.

Acenei positivamente para o rapaz e lancei o ioiô em direção à bandeira que ficava no telhado da escola, lançando-me para cima e depois descendo do telhado com Mark para deixá-lo seguro na calçada.

- Corra, não fique perto daqui, vou salvar seu amigo e ele vai poder fugir também - lancei para ele um olhar reconfortante - pode ir, não se preocupe.

Mark pareceu hesitar por um segundo, mas logo se virou e começou a correr. Voltei para a escola pelo telhado, pois a porta da frente continuava trancada.

Nathaniel me esperava ainda escondido atrás da escada, fui até o garoto e o segurei para levá-lo embora também, mas no mesmo instante em que estávamos prestes a pular pelo telhado senti o rapaz me empurrar.

Tudo aconteceu muito rápido, em um segundo Nathaniel estava lá, e no outro... o espectro o atravessou, reduzindo o garoto a uma nuvem de fumaça roxa, que logo se dissipou no ar.

Observei assustada o ser que já se encontrava do outro lado do pátio, podia jurar que vi um sorriso maléfico se formar no "rosto" de Lila.

- Esse foi tão fácil - o espectro comentou se virando para mim - você vai ser mais ainda! - em um movimento rápido ela avançou em minha direção, desviei por pouco.

- Calma aí, Gasparzinho - Chat pulou em minha frente - Juleika e Luka estão lá fora, Ladybug - ele sussurou para mim rapidamente.

- Você não sai imune - o espectro sibilou - Não dessa vez Ladybug! - ela se lançou em nossa direção.

Desviei novamente, frações de segundos antes de ver Chat Noir ser totalmente desintegrado e seu miraculous cair no chão, a única coisa que era poderosa demais para ser pulverizada.

- Chat! - chamei inutilmente enquanto a fumaça que ele se tornou se dissipava no ar. O espectro foi mais rápido que eu e agarrou o anel, pude ver algo dourado brilhar em sua mão também. O objeto akumatizado.

- Parece que o gatinho se foi, joaninha. Girlmare é imbatível!

Quase não escutei o que a garota disse, me distraí demais com uma lágrima que escorria por meu rosto, enquanto eu ainda focava o local onde Chat estivera segundos antes.

Segredos a revelar - MiraculousOnde histórias criam vida. Descubra agora