Eu não sabia quando conseguiria me mexer novamente, estava completamente petrificada, não ousaria me virar e encarar Alya, que estava atrás de mim, eu simplesmente não conseguia fazer isso.
Chat Noir pareceu assustado por alguns segundos, mas logo recuperou os sentidos, recolhendo o bastão e se aproximando de Alya de forma felina.
- Alya, do Ladyblog, certo? - ele perguntou, ainda não havia conseguido me mexer para ver o que ele estava fazendo - me desculpem por incomodar a festa do pijama, garotas.
- C-como você... vocês tipo... eu... - Alya estava completamente travada. Me virei lentamente, ciente de que minhas bochechas estavam tão coradas quanto era possível que ficassem - ai meu deus... ai meu deus, ai meu deus, ai meu deus! - a garota falou dando pulinhos e gritinhos agudos, apontando para mim e desviando o olhar freneticamente entre Chat Noir e eu.
- Alya, meus pais! - falei com um sussurro alto, a garota levou as duas mãos à boca tão rapidamente que chegou a ser engraçado - e não sei o que você pensa que viu, mas eu e Chat Noir estávamos apenas conversando e ele já...
- Conversando realmente próximos - Chat comentou com um sorriso que logo desapareceu quando lancei a ele um olhar de reprovação - que foi? Eu também entenderia errado a situação se estivesse vendo do ponto de vista dela.
Bufei e revirei os olhos, logo voltando a olhar para Alya, que ainda nos encarava cobrindo a boca e com olhos arregalados, mas claramente brilhando de alegria.
- Eu não acredito, isso é incrível! - a garota falou em um sussurro agudo, gesticulando exageradamente.
- Alya não aconteceu nada, eu e Chat Noir somos apenas amigos, okay? Não gostamos um do outro, ele só vem me visitar às vezes - falei olhando para Chat e tentando fazer movimentos para que ele entendesse que deveria confirmar aquilo.
- Não está realmente esperando que eu confirme isso, né? - o gato falou cruzando os braços com um sorriso malicioso e eu fechei o rosto.
Eu sentia que deveria estar brava, mas as borboletas em meu estômago se agitaram ainda mais com a possibilidade de Chat realmente gostar de mim, não de Ladybug, como costuma ser. De certa forma eu me sentia muito mais confortável com Chat Noir gostando de mim como Marinette, se é que gostava realmente.
- Não escuta ele, Alya - falei empurrando o gato para o lado - por favor vamos entrar em casa e esquecer isso.
- Ah, ótima ideia, vamos entrar em casa, simplesmente entrar em casa e esquecer que minha melhor amiga namora o super-herói de Paris, como não pensei nisso antes? Tão simples - a garota falou ainda com gestos exagerados, Chat abriu um enorme sorriso, claramente se deliciando com a situação.
- Não somos namorados! Nós somos amigos! - protestei inutilmente, pois a garota apenas abriu um sorriso.
- Uuh, amigos assim como você e aquela pessoa eram? - a garota perguntou se inclinando com as mãos na cintura em minha direção.
- É diferente ok? E eu e Adrien realmente não passávamos de amigos, eu gostava dele e ele claramente não tinha o mesmo interesse por mim.
- É, agora é diferente - Chat comentou - alguém aqui claramente gosta dela e ela não tem o mesmo interesse pela pessoa.
Olhei para Chat Noir com uma fúria repentina tomando conta de mim.
- Okay, chega. Alya, para dentro de casa, você vai escolher um filme e vamos assistir filme comendo pipoca e resolver tudo isso mais tarde.
A garota assentiu rapidamente e correu até o alçapão saltitando, desaparecendo tão rapidamente quanto apareceu. Me virei para Chat encarando-o furiosa, o gato abriu a boca para falar algo mas eu o calei apontando para ele e avançando em sua direção com passos firmes.
- E você... - falei quase encostando no rapaz, que se afastava à mesma medida que eu me aproximava - você vai sair da minha varanda, e vai voltar para sei lá onde você mora sem sequer um miado a mais.
- Mas o que eu...
- Como... você... ousa? - perguntei tentando acertar alguns tapas no rapaz, dos quais ele facilmente se esquivava, com diversão e confusão estampadas no rosto.
- O que eu fiz, My prin...
- Não ouse terminar o apelido - sussurrei alto e nervosamente, ainda avançando no rapaz - você não tem o direito de fazer isso! Estava tudo certo, tudo! E aí você vem, e conversa comigo e sai comigo e me deixa feliz e aí...
- Ainda não vejo como isso pode te deixar nerv...
- E AÍ VOCÊ ME CONFUNDE! - sussurrei como se fosse um grito, estava nervosa, mas não correria o risco de acordar meus pais - você vem aqui, me deixa confusa, faz claramente uma guerra fria com o garoto que gosta de mim e ainda tem a audácia de diminuir meus sentimentos!
- O-o quê? Como as...
- Você não tem o direito de dizer que não gosto de você, quando todas as noites em que você não aparece, fico imaginando como seria legal se você tivesse vindo. Não tem o direito de dizer que não gosto de você quando abro sorrisos imensos e corro para a varanda todas as vezes que escuto qualquer barulho vindo daqui. Não tem o direito de dizer que não gosto de você quando penso, em cada mísero segundo livre do meu tempo, em como você é incrível, em quanto seu abraço me conforta e em quanto a Ladybug é idiota por não aceitar o seu amor quando podia.
Eu ainda tentava acertar meus golpes em cada centímetro do corpo do rapaz que estava ao meu alcance, meu rosto já estava vermelho pelo exercício de correr atrás do gato e pela vergonha que tomou conta de mim após eu revelar tudo aquilo.
- Agora, se me dá licença, vou ter que explicar toda a situação para a Alya, porque você não pode ficar de boca fechada - falei apontando para o gato, que estava se escorando na varanda tentando evitar levar mais golpes.
Chat Noir me observava com uma expressão que eu não conseguia decifrar. Me virei para sair, mas antes que pudesse dar um passo sequer em direção ao alçapão, o gato me segurou pela cintura e me colocou sentada nas barras da varanda, me puxando para o mais perto possível.
- Eu posso ficar de boca fechada, mas ver você estressadinha é realmente tão fofo - ele falou se inclinando em minha direção e, outra vez, nos encontrávamos a pouquíssimos centímetros de distância.
- Vai se ferrar.
- Você está linda.
- Cala a boca.
- Já que insiste...
E bastou que ele se inclinasse minimamente para que nossos lábios, antes quase colados, se tocassem. E eu não sei como respirei. Ah, é verdade, eu não respirei, porque simplesmente não conseguia, me esqueci como se fazia isso.
Passei os braços ao redor dos ombros do rapaz, e pude sentir cada borboleta em meu estômago se mexer freneticamente e explodir, enquanto eu me perguntava se Chat Noir conseguia ouvir meus batimentos cardíacos, que agora estavam tão altos.
- É, você realmente gosta de mim - ele falou quando finalmente nos afastamos, me lançando o sorriso mais malicioso e perverso que já vi. Era provável que eu queimasse minha mão se encostasse em minha bochecha, que parecia pegar fogo agora.
Mas Chat não pareceu se queimar quando se despediu depositando um beijo ali, e foi embora saltando pelo telhado com um "boa noite, princess, durma bem". Me perguntei como aquele gato idiota esperava que eu pudesse dormir quando meu coração batia tão alto e minha respiração estava tão descompassada.
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Segredos a revelar - Miraculous
FanficApós a última Batalha dos Miraculous, Hawk Moth parece estar mais fraco, com poucos akumatizados e tantas mudanças em suas vidas, Adrien e Marinette começam a focar em resolver suas confusões emocionais, e qual a melhor maneira de fazer isso além de...