XXXIV - A volta

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- Mari...Marinette? - o rapaz falou lentamente alterando o olhar entre os brincos e eu.

- Ele mentiu pra você - falei ainda segurando as mãos do rapaz - mas eu não vou. Você sabe em quem confiar.

O garoto parecia estar recebendo ordens Hawk Moth freneticamente para que lhe entregasse os miraculous, agora que tinha todos que precisava.

- Se você for - comecei, não deixaria Chat ir embora sem lutar por ele - as consequências serão graves, não sabemos o que o poder do miraculous do gato e da joaninha combinados pode ocasionar. Se ninguém pode usá-lo, com certeza não é coisa boa.

- O desejo pode resolver tudo, My princess, vai ficar tu...

- Não ouse me chamar por esse apelido - falei firme - só uma pessoa pode utilizá-lo, e como você já disse, essa pessoa não está aqui.

Dei um passo para trás e cerrei os punhos, ainda encarando o rapaz nos olhos, enquanto sentia uma lágrima se formar nos meus.

- Agora, se acha que é a coisa certa a se fazer, vá em frente, entregue o miraculous - eu disse com firmeza - mas lembre-se que tudo no universo tem um peso. Trazer sua mãe de volta vai desencadear a morte de outra pessoa, uma pessoa inocente, a reconstrução de Paris implicará na destruição de outra cidade, cheia de pessoas que também não merecem sofrer.

- Você... você está chorando? - Chat perguntou se aproximando, mas dei mais um passo para trás.

- É claro que eu estou chorando! - falei alto e me afastei novamente - mas é claro que isso não importa pra você. Estava lutando comigo minutos atrás.

- Claro que importa - ele falou, começando a ficar com a respiração acelerada, enquanto eu ainda dava passos curtos para trás lentamente - eu... eu só me tornei isso porque achei que Hawk Moth estivesse com você, e porque... porque eu te amo, Marinette. E você sabe disso, eu faria qualquer coisa por você.

Respirei fundo quando Chat passou uma mão em minha bochecha para limpar uma lágrima solitária que escorria por ela. Afastei rapidamente sua mão quando ele terminou e tentou levantar meu queixo.

- É uma pena, porque eu não amo isso. Eu amo o verdadeiro Chat Noir, e só ele tem permissão para me chamar de "my princess" ou encostar em mim - falei e o gato recuou um pouco, eu sabia que aquilo era necessário para trazer Chat de volta - e se você realmente for o meu Chat Noir, vai saber o que fazer.

O gato respirou fundo, eu sabia que ele estava ouvindo gritos e ordens de Hawk Moth em sua mente, com certeza era difícil pensar em paz. Chat olhou novamente para os miraculous em sua mão.

O rapaz se aproximou de mim lentamente e colocou meus brincos em minha orelha com cuidado, me assustei com o gesto mas continuei parada, apenas levei a mão à orelha quando ele se afastou, ainda não acreditando que ele realmente havia colocado os miraculous lá.

- Eu luto pelas coisas que amo - o rapaz começou, levando a mão ao sininho em seu uniforme e arrancando-o, logo me entregando. Era onde seu akuma estava - e eu te amo, Marinette. Essa luta é nossa.

Encarei surpresa o objeto em minha mão, levantei o olhar para Chat lentamente e disse calmamente:

- Tikki, transformar.

Logo me transformei em Ladybug e quebrei o sininho em minhas mãos sem muito esforço devido à força que recebia quando me tornava a heroína. O pequeno akuma saiu voando junto com os outros que ainda infestavam o céu.

Chat Noir voltou ao normal e estava caído levemente ofegante no chão enquanto eu capturava todos os akumas e os purificava, Hawk Moth não apareceu novamente. Peguei a toalha, o objeto que o talismã me deu.

- Miraculous, Ladybug! - falei jogando a toalha para o alto, consertando tudo o que foi quebrado pelos akumatizados.

- Marinette... - ouvi Chat me chamar e me virei rapidamente - me descul...

O gato não pôde terminar sua frase pois eu rapidamente pulei em seus braços, segurando seu rosto com as mãos e beijando-o intensamente para expressar minha gratidão. O rapaz demorou um pouco para processar o que estava acontecendo, suas mãos ficaram paradas no ar até que ele que ele recuperasse os sentidos e retribuísse meu gesto.

Nos afastamos um tempo depois e eu o abracei o mais forte que pude, como se a qualquer momento ele pudesse sair e ser akumatizado novamente.

- Ei - chamei alegremente, apoiando o queixo em seu peito e olhando o rapaz nos olhos sem soltar o abraço - eu também te amo - sussurrei.

Chat Noir abriu o maior dos sorrisos e me girou no ar gargalhando, ele me desceu lentamente, segurando minha cintura com uma mão e cerrando o punho para que eu fizesse o mesmo.

- Zerou! - falamos em uníssono juntando os punhos.

- Agora precisamos ir para casa, já vai começar a anoitecer e as pessoas ainda não sabem minha identidade secreta, prefiro que continue assim - falei sorrindo.

- Ah... meu deus - o gato falou ficando paralisado quando me afastei - como... como eu vou para casa?

Travei quando meu cérebro pareceu voltar a funcionar e finalmente me caiu a ficha de que eu estava falando com Adrien Agreste, e que agora o rapaz teria que ir para casa, onde ficaria sob o mesmo teto que seu pai, Gabriel Agreste, que por ironia do destino era Hawk Moth.

- E-eu acho que você vai ter que vol... - tentei falar mas fui prontamente interrompida.

- Como... como eu vou viver com um miraculous ao lado de Hawk Moth... e como eu posso voltar a dormir naquela casa sabendo que minha mãe está em um coma eterno bem debaixo do chão onde eu piso? - o rapaz perguntou andando em círculos desesperados.

- Okay, isso é realmente perturbador, mas...

- Por favor, deixe eu ir para sua casa, My princess - ele falou se aproximando, me segurando pelos ombros e me chacoalhando freneticamente - você sabe que eu não posso voltar para casa e me dar o luxo de sair esfregando meu miraculous na cara de Hawk Moth.

- Mas você também não pode ir lá pra casa! - retruquei - meu pai te mataria.

- Seu pai me adora - ele falou convencido - e mesmo assim, posso entrar pela varanda como sempre, por favor princess, por favor.

- Você não pode simplesmente começar a morar na minha casa secretamente, Chat.

- Por favor, eu não vou fazer barulho, nem ficar mexendo nas suas coisas, vou dormir no sofá do seu quarto tranquilamente e não vou bagunçar nada.

Suspirei enquanto o gato ainda me encarava com um olhar suplicante, eu não conseguiria dizer não, com certeza ele não iria para casa e teria que dormir na rua.

- Aah ok - falei suspirando e logo recebi um abraço e vários beijos do rapaz - mas não faça muita confusão, preciso estudar algumas coisas que aconteceram hoje.

- Perfeito, My princess - ele falou me soltando e começou a andar ao meu lado - estou animadíssimo para ver meus sogros novamente.

- Não começa, Chat Noir - falei encostando a cabeça no ombro do rapaz enquanto caminhávamos com um sorriso.

Segredos a revelar - MiraculousOnde histórias criam vida. Descubra agora