A queda do Imperador | Duologia: Submundo | Vol. 1 | +18

Capítulo 22

Alana

Olho para os lados da porta, olhando o enorme corredor para ver se não tem ninguém vindo, e saio do quarto a passos hesitantes, fechando a porta atrás de mim. O filho da puta não trancou a porta dessa vez, então talvez isso signifique que eu posso sair.
Minha barriga dói de tanta fome. Hoje ninguém veio trazer comida para mim. Fiquei um bom tempo no banho, me desmanchando em lágrimas. Chorei por tudo. Por medo de eu perder o meu amor que também foi sequestrado, por medo por mim, do que esse psicopata pode fazer comigo, com saudades de meu avô, e com a triste certeza de que eu provavelmente nunca mais verei ele.

Eu não entendo qual é a desse homem comigo. Eu nunca vi ele antes em toda minha vida, mas ao mesmo tempo, seus olhos são tão familiares para mim. Me sinto confusa em relação a isso, mas não sei explicar. É como se eu o conhecesse, mas ao mesmo tempo não. Eu não sei oque ele viu em mim, ou até mesmo quando me viu, pra nutrir essa obsessão doentia por mim.
Eu tenho uma autoestima boa pra caralho, mas sinceramente não consigo entender oque é que ele viu em mim que deixou ele pirado desse jeito. Porque esse homem é pirado. Um maluco psicopata do caralho. Eu nunca tinha trocado uma palavra sequer com ele em toda a minha vida!

E pra piorar ainda mais, ele quer que eu seja sua esposa. Só o pensamento de uma loucura dessas trás lágrimas a meus olhos. Se só assim ele me machuca do jeito que faz, imagina quando estivermos casados?
Ele disse que iriamos morar na Itália. Na Itália. Longe de tudo o que eu conheço. Ele vai me levar em um país completamente desconhecido por mim, cuja língua eu não falo, e eu só posso prever que minha vida vai ser um verdadeiro inferno lá.

Eu até poderia negar, mas do que isso adiantaria? Ele só vai descontar a raiva pela minha negação em meu Paul, oque eu jamais permitiria. E além do mais, tenho a completa certeza que mesmo que ele não tivesse com oque me ameaçar, e eu dissesse que não para o seu pedido, ele me obrigaria de um jeito ou de outro a me casar com ele. Disso eu não tenho a menor dúvida.

Foi um verdadeiro tormento ficar naquele quarto escuro, sem ninguém pra conversar, apenas um silêncio assustador. Nem tomar banho eu podia. Quando eu descordenadamente pela falta de luz tentava ligar o chuveiro, não saía água nenhuma. Nem banho, nem escovar meus dentes. Só tinha água pra privada. Eu me sentia horrível pra caralho.

Eu sinceramente pensei que iria enlouquecer. É uma agonia enorme. Só via preto. As únicas vezes que via um pouco de luz era quando Margaret vinha trazer minha comida.

Ela nunca disse nem uma palavra sequer para mim. Só pousava a bandeja no chão, e saía, trancando a porta logo em seguida. Mas nesse curto espaço de tempo em que eu a via, eu podia notar uma satisfação contida em me ver naquela situação, me fazendo ter a certeza de que ela não era a mulher carinhosa que se mostrou ser quando me ajudou a andar depois de eu ter sido estuprada por aquele filho da puta. Ela é uma cobra, daquelas bem venenosas, sabe?
Eu só não sei porquê que ela está dirigindo todo esse veneno para mim, mas pretendo descobrir de um jeito ou de outro.

Eu chorei muito lá, chorei demais. Eu tenho um pavor de dormir com as luzes apagadas, sempre dormia com as luzes acesas, por causa da paranoia que os pesadelos horríveis que eu tinha com aquela criatura sinistra causavam. Por incrível que pareça, depois do psicopata entrar em minha vida, esses pesadelos nunca mais me atormentaram. Mas agora que penso melhor sobre isso, isso me deixa meio assustada. Mesmo dormindo com meu Paul, os pesadelos aconteciam, e aí, desde aquele dia do casamento onde eu me encontrei pela primeira vez com o psicopata, eles param?

Eu já sou cheia das ideias, tenho umas teorias de conspiração meio doidas, e cara, isso é sinistro pra caralho. Pode parecer bobo para a maioria das pessoas, mas tipo, eu não acredito em coincidências, sabe, e adicionando ao facto de eu ter minhas paranoias, aí você já viu.