Capítulo 28

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Maurizio

Meus olhos passeiam ao redor do armazém abandonado, que escolhi como local onde aconteceria a reunião que convoquei para anunciar meu casamento. Observo atentamente cada um dos membros da famiglia presentes. O armazém está em total silêncio após eu ter dado a notícia. Alana e eu nos casaremos amanhã, e nenhum dia a mais. Já esperei tempo suficiente.

Decidi convocar apenas alguns de meus capos locais, ndrines e membros da sociedade maior. Somente homens estão presentes. Mulheres não devem participar de assuntos da máfia. Seus maridos anunciarão a elas oque for conveniente que elas saibam depois.

Meus olhos atentos não perderam as mandíbulas cerradas, demonstrando a insatisfação de vários membros com a notícia inesperada, e os lábios contorcidos em desgosto que foram rapidamente disfarçados sendo substituídos por sorrisos forçados.

Assis Fontana, Capo locale da região sul da Calábria, é o primeiro a quebrar o silêncio que se instalou. Suas palmas são seguidas por outras, acompanhadas por um conjunto de felicitações enganadoras.

── Que venham os herdeiros da máfia! ── Fontana grita.

── Que venham os herdeiros! ── Um coro de concordância irrompe pelo local, seguido por assobios e urros de falsa animação e alegria.

Sorrio internamente. Até parece que eles não sabem que eu sei que oque eles mais querem é que eu morra sem deixar herdeiro algum, para que eles possam tentar assumir o meu império. Mas eu jamais permitirei que isso aconteça. Nem mesmo depois que eu for para o inferno.

Um pigarrear exagerado chama minha atenção. Fabrizio Ettore, um dos membros mais antigos da Società Maggiore se pronuncia: ── Nosso Capo, devo dizer que é com muita alegria que recebemos esta notícia. No entanto, e digo isso com todo o respeito, acho que o Capo como nosso líder deveria dar o exemplo de como nossas tradições são cumpridas, e comprovar que a mulher que carregará em seu ventre os herdeiros da Ndrangheta, ainda é pura, não tendo sido contaminada pelos costumes mundanos com os quais com toda a certeza conviveu por toda a sua vida, sendo americana. ── Conclui sério, mas posso notar o leve tremor em seu corpo.

A sala está silenciosa novamente, mas parece um silêncio mais pesado que antes. Meu rosto é sem expressão enquanto encaro o merdinha que se atreveu a tamanha afronta. Ettore era amigo de Nicola, e estava em muitas das sessões de tortura que ele inflingia a mim, rindo com ele.

Ele não conseguiu piscar novamente, antes que eu tirasse a arma de minha cintura, acertando sua cabeça com um tiro certeiro. Seus olhos estão arregalados enquanto seu corpo velho cai no chão, o barulho interrompendo brevemente o silêncio que se instalou. Guardo a arma de volta.

── Mais alguém deseja manifestar a sua insatisfação? ── Pergunto friamente, olhando para cada um dos rostos presentes.

Silêncio.

Com um último olhar, desço do palco improvisado, minha mente já calculando a merda dos problemas que terei que resolver. Eu estava em meu escritório, pronto para observar Alana, e meus dentes poderiam ter quebrado de quão furiosamente os cerrei depois de eu a ter visto o porão subterrâneo merdinha do Phillips estava, tentando acordá-lo.

Olhei para as outras imagens, recuando para ver oque aconteceu antes disso. Sorri friamente quando vi que Margareth fez sua jogada. Eu sabia que ela estava em minha casa infiltrada, buscando por informações. Sua conexão com a Bratva foi realmente difícil de descobrir, mas eu não tenho o império poderoso que construí com minhas próprias mãos por ser um tolo inexperiente. As pessoas certas foram procuradas, registros foram vistos e corpos foram deixados ao longo do caminho.

A queda do Imperador | Duologia: Submundo | Vol. 1 | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora