Capítulo 36

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Alana

Sou puxada bruscamente para debaixo da mesa por Chelsea. As janelas de vidro são estouradas fazendo um som estridente, e inúmeros cacos se espalham pelo chão.

── Merda! ── Ela xinga, tirando o celular de sua bolsa e começando a digitar, seu corpo se encolhendo contra o meu com o barulho dos disparos.

Concordo com ela.

Sim. Merda, foda-se, caralho, tudo junto.

Gritos de terror podem ser ouvidos por todo o restaurante, assim como o barulho de passos desenfreados enquanto as pessoas correm desesperadas para tentarem salvar suas próprias vidas. Comidas são esquecidas, cadeiras são derrubadas no chão, e as mesas se tornam um local de refúgio servindo de escudo.

As balas fazem um som assustador pra caralho quando entram em contacto com o topo da mesa sobre nossas cabeças. É uma impressão de merda, e faz você pensar que a qualquer momento uma bala pode furar a camada da mesa e entrar bem no meio do seu crânio.

Sinto uma queimação quase insuportável em meu peito, uma fúria intensa e arrebatadora que não entendo. Eu definitivamente não estou com raiva. Não. A única coisa que estou nesse momento é morrendo de medo de levar um tiro na minha cabeça.

O barulho do tiroteio é insuportável por isso cubro meus ouvidos com minhas mãos, meu coração querendo pular fora do peito a cada disparo. Eu sei que já disse que queria morrer né, mas agora que estou vendo a morte assim tão de perto, meus conceitos estão sendo revistos e refeitos. Meu marido vem em minha mente e meu peito se aperta cada vez mais com uma angústia sufocante que me deixa com dificuldades para respirar, com o pensamento de que poderei nunca mais vê-lo.

Para meu total alívio, de repente os tiros cessam. O suspiro profundo de Chelsea me diz que ela também está aliviada pra caralho. Ela se vira para mim, seu rosto está pálido e seus olhos levemente arregalados:
── Você está bem? ── Pergunta com o cenho franzido.

Minhas mãos estão tremendo. Foda-se, meu corpo inteiro está tremendo. Eu quero vomitar. A ânsia é forte, e acho que não vou conseguir controlar. Quando eu estava prestes a responder, pulo assustada quando um menino aparece na janela, . Ele é bem magrinho e parece ter uns 10 ou 11 anos. Meu coração se aperta pelo medo que vejo em seus olhos. Seus cabelos loiros estão sujos e na sua bochecha direita um hematoma está se formando, indicando que recentemente sofreu uma agressão.

Eu realmente quero agredir alguém agora.

── O chefe mandou entregar pra você, senhora. ── Ele diz apressadamente, sua voz tão pequena partindo meu coração com o quão fraca soa. O menino joga um envelope no chão perto dos meus pés, e sai correndo.

Um tiro ecoa segundos depois, e eu congelo. Lágrimas veêm aos meus olhos.

Balanço minha cabeça em negação. Não. Me recuso a acreditar que é oque estou pensando.

O som de pneus rolando furiosos é ouvido logo em seguida.

Tomo o envelope em minhas mãos. Ele parece estranhamente mais cheio do que o considerado normal. Quando abro, tenho a certeza de que o grito que sai de minha garganta pode ser ouvido por todo o Central Park. Recuo com meus pés o mais longe possível, atirando a porra do envelope pra longe.

Um dedo. O dedo de uma pessoa. O dedo de uma pessoa está dentro do envelope.

O cheiro podre é o gatilho que meu estômago precisava, e eu me curvo para frente tirando para fora tudo oque comi essa manhã.

A queda do Imperador | Duologia: Submundo | Vol. 1 | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora