Capítulo 4

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Maurizio

9 anos de idade

Está escuro, e meu corpo dói muito. Nicola me deixou aqui denovo. Estou com fome e minha barriga aperta demais, mas não vou reclamar. Ele diz que apenas boiolinhas reclamam por tudo e por nada.

Estou deitado no chão. Está muito frio.
Meus dentes estão batendo uns nos outros. Ele não me deixou ficar com as roupas dessa vez. Disse que como futuro Capo crimine, devo estar preparado pra qualquer situação.
Quero água! Minha garganta está muito seca, e arranha quando tento engolir um pouquinho de saliva. Minha barriga está fazendo muitos barulhos e apertando mais.

Ele não mandou Luigi vir cuidar das minhas feridas dessa vez. Eu estava com tanta sede que engoli o sangue que escorria pelo meu nariz. Não foi uma boa ideia, porque vomitei depois.

Eu acho que vou...

Quando abro os olhos, percebo que estou no meu quarto. Nicola me tirou do calabouço e está olhando pra mim, sentado
em uma poltrona.

── Precisa de alguma coisa filho? ── Ele pergunta sério, com uma sombrancelha arqueada. É um teste. Se eu falhar, ele vai me torturar mais, e vai ser pior porque ele vai estar com mais raiva ainda. Eu não quero apanhar, por isso respondo sério também: ── Não papai, ── mesmo precisando. Estou com muita fome, com muita sede, e acho que vou desmaiar denovo.

Ele me dá um sorriso cruel. ── Bom garoto. ── Ele levanta da poltrona, e me olha enojado antes de sair do quarto. ── Agora vê se toma um banho moleque, você fede.

Sorrio, enquanto olho na direção por onde ele saiu.
Agora ele é maior e mais forte do que eu, mas um dia isso vai mudar. E quando isso acontecer, eu vou matá-lo.

Minutos depois, minha mãe entra no quarto, segurando uma bandeja com comida. Ela paralisa no meio do caminho ao ver o estado em que estou. Seus olhos ficam marejados.

Ela coloca a bandeja em um espaço vazio da cama, e senta ao meu lado. ── Bom dia amor da mamãe! Adivinha oque a mamãe do príncipe mais lindo do mundo trouxe? ── Elizabeth pergunta sorrindo para mim, enquanto bagunça meu cabelo. Não gosto disso, não gosto que ela me toque.
Saio da cama a deixando, e vou em direção ao banheiro. Vi como ela ficou triste, mas não me importo. Só quero continuar brincando com a nova arma que Nicola deu para mim no meu aniversário.

Quem sabe eu não a use para dar um fim a sua vida, quando ele menos esperar.

Terminei de tomar banho, e ao voltar, vejo que Elizabeth ainda está no quarto, observando a foto que ela deu pra mim rasgada em pedaços no chão. Eu não pedi por nenhuma foto dela comigo quando eu era um bebê.

Ela está ajoelhada no chão, chorando, enquanto tenta reunir inutilmente os pedaços que eu rasguei. Quando ela sente os meus passos, ergue os olhos pra olhar para mim. Seu rosto está vermelho e seus lábios tremem. ── Amore mio, porquê você fez isso? ── A voz dela está estranha, feia. Quase não consegui entender oque ela disse.

Não respondo ao que ela perguntou, não quero. ── Quero me vestir. ── O choro dela é irritante e me faz querer pegar na arma que Nicola me deu e usar nela pra ela parar de fazer isso.

Ele entra e a vê no chão.

── Monstro! ── Ela levanta rapidamente e vai até Nicola socando seu peito. ── Isso é tudo culpa sua! Você afastou o meu bebê de mim e agora ele não me ama mais! ── Ela grita histérica. Ele pára os socos dela em seu peito, dando um ele mesmo em seu rosto, a fazendo cair no chão com toda a força. Acho que ela desmaiou. Deveria sentir algo com isso, eu acho. Mas não sinto nada.

A queda do Imperador | Duologia: Submundo | Vol. 1 | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora